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sábado, 3 de maio de 2025

SABE TUDO LITERÁRIO - UM JOGO PARA SABER QUEM SABE MAIS SOBRE A LITERATURA BRASILEIRA


 SABE TUDO LITERÁRIO

Quão profundo é o seu conhecimento sobre a literatura brasileira? Descubra com o "Sabe Tudo Literário"! Um jogo eletrizante repleto de clássicos, autores e curiosidades. Se você respira literatura brasileira, clique aqui ou na imagem e mostre a todos o seu domínio!





sábado, 15 de março de 2025

OSWALD DE ANDRADE (1890-1954) ATIVIDADES COM GABARITO

 


José Oswald de Sousa Andrade nasceu em São Paulo em 1890. Presenciar a virada do século, aos 10 anos, foi marcante, como relembra o poeta já adulto: "Havíamos dobrado a esquina de um século. Entrávamos em 1900..."

São Paulo despertava para a industrialização e a tecnologia. Abria-se um novo mundo urbano, que Oswald logo assimilaria fascinado: o bonde elétrico, o rádio, o cinema, a propaganda com sua linguagem síntese.

Oswald tinha 22 anos quando fez a primeira de várias viagens à Europa (1912), onde entrou em contato com os movimentos de vanguarda. Mas só depois de dez anos empregaria as técnicas desses movimentos. De qualquer forma, divulgou o Futurismo e o Cubismo. O terceiro casamento, com Tarsila do Amaral, em 1926, forjou o casal responsável pelo lançamento da Antropofagia. Mário os chamava de "Tarsiwald"... Com Tarsila voltou à Europa algumas vezes. A crise de 29 abalou as finanças do escritor. Vem a separação de Tarsila e uma nova relação: Patrícia Galvão (Pagu), escritora comunista. oswald passou a participar de reuniões operárias e ingressou no Partido Comunista. Casou-se mais uma vez, depois de separado de Pagu, até que, já com 54 anos, conheceu Maria Antonieta d'Alkmin. Permaneceram juntos até a morte do poeta, em 1954.

OBRA

Poesia: Pau-Brasil (1925); Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade (1927); Cântico dos cânticos para flauta e violão (1945); O escaravelho de ouro (1945).
Romance: Os condenados (trilogia) (1922-34); Memórias sentimentais de João Miramar (1924); Serafim Ponte Grande (1933); Marco Zero - a revolução melancólica (1943).
Teatro: O homem e o cavalo (1934); A morta (1937); O rei da vela (1937).
Além disso, publicou os manifestos que já conhecemos: Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924); Manifesto Antropófago (1928).
Escreveu ainda artigos e ensaios.

Nenhum outro escritor do Modernismo ficou mais conhecido pelo espírito irreverente e combativo do que Oswald de Andrade. Sua atuação intelectual é considerada fundamental na cultura brasileira do início do século. A obra literária de Oswald apresenta exemplarmente as características do Modernismo da primeira fase.

Em Pau-Brasil, põe em prática as propostas do manifesto do mesmo nome. Na primeira parte do livro, "História do Brasil", Oswald recupera documentos da nossa literatura de informação, dando-lhe um vigor poético surpreendente. Na segunda parte de Pau-Brasil - "Poemas da colonização" -, o escritor revê alguns momentos de nossa época colonial. O que mais chama a atenção nesses poemas é o poder de síntese do autor.

A poesia de Oswald de Andrade é precursora de um movimento que vai marcar a cultura brasileira n adécada de 60: o concretismo. Suas ideias, recuperadas também na década de 60, reaparecem com roupagem nova no Tropicalismo.

PROSA DE FICÇÃO

Memórias sentimentais de João Miramar chama a atenção pela linguagem e pela montagem inédita. O romance apresenta uma técnica de composição revolucionária, se comparado aos romances tradicionais: são 163 episódios numerados e intitulados, que constituem capítulos-relâmpagos - tudo muito influenciado pela linguagem do cinema - ou, mais precisamente, como se os fragmentos estivessem dispostos num álbum, tal qual fotos que mantêm relação entre si. Cada episódio narra, com ironia e humor, um fragmento da vida de Miramar.

O material narrativo segue esta ordem: infância de Miramar, adolescência e viagem à Europa a bordo do navio Marta; regresso ao Brasil, motivado pela morte da mãe; casamento com Célia, e um romance paralelo com a atriz Rocambola; nascimento da filha; divórcio e morte de Célia; falência de Miramar.

TEATRO

Em 1937 publicou-se O rei da vela, peça que focaliza a sociedade brasileira dos anos 30. Pelo seu caráter pouco convencional, só foi levado a cena trinta anos depois, integrando o movimento tropicalista.


ATIVIDADES

01: Qual movimento artístico e literário Oswald de Andrade ajudou a divulgar no Brasil, após suas viagens à Europa?

a) Romantismo
b) Realismo
c) Simbolismo
d) Futurismo e Cubismo

02: Qual obra de Oswald de Andrade é considerada um marco do movimento antropofágico e buscava uma identidade brasileira a partir da valorização da cultura nacional?

a) Memórias Sentimentais de João Miramar
b) Pau-Brasil
c) O Rei da Vela
d) Serafim Ponte Grande

03: Qual característica marcante da poesia de Oswald de Andrade, que o tornou um precursor do concretismo?

a) Linguagem rebuscada e formal.
b) Temas exclusivamente românticos.
c) Poder de síntese e experimentação formal.
d) Narrativas longas e detalhadas.

04: Qual característica inovadora da obra "Memórias Sentimentais de João Miramar" de Oswald de Andrade mais se destaca em relação aos romances tradicionais?

a) A linguagem rebuscada e formal, típica do Modernismo.
b) A estrutura fragmentada e a disposição dos capítulos em forma de álbum.
c) A narrativa linear e cronológica, que acompanha a vida do protagonista.
d) A temática romântica e idealizada, presente na descrição dos personagens.












GABARITO

01: D
02: B
03: C
04: B


sábado, 25 de maio de 2024

ATIVIDADE SOBRE O LIVRO CAPITÃES DA AREIA DE JORGE AMADO - ENSINO MÉDIO

 
QUESTÃO 01: (UEA-AM) Leia o texto a seguir.

Certa hora Nhozinho França manda que o Sem-Pernas vá substituir Volta Seca na venda de bilhetes. E manda que Volta Seca vá andar no carrossel. E o menino toma o cavalo que serviu a Lampião. E enquanto dura a corrida, vai pulando como se cavalgasse um verdadeiro cavalo. E faz movimentos com o dedo, como se atirasse nos que vão na sua frente, e na sua imaginação os vê cair banhados em sangue, sob os tiros da sua repetição. E o cavalo corre e cada vez corre mais, e ele mata a todos, porque são todos soldados ou fazendeiros ricos. Depois possui nos bancos a todas as mulheres, saqueia vilas, cidades, trens de ferro, montado no seu cavalo, armado com seu rifle.

Depois vai o Sem-Pernas. Vai calado, uma estranha comoção o possui. Vai como um crente para uma missa, um amante para o seio da mulher amada, um suicida para a morte. Vai pálido e coxeia. Monta um cavalo azul que tem estrelas pintadas no lombo de madeira. Os lábios estão apertados, seus ouvidos não ouvem a música da pianola. Só vê as luzes que giram com ele e prende em si a certeza de que está num carrossel, girando um cavalo como todos aqueles meninos que têm pai e mãe, e uma casa e quem os beije e quem os ame. Pensa que é um deles e fecha os olhos para guardar melhor esta certeza. Já não vê os soldados que o surraram, o homem de colete que ria. Volta Seca os matou na sua corrida. O Sem-Pernas vai teso no seu cavalo. É como se corresse sobre o mar para as estrelas na mais maravilhosa viagem do mundo. Uma viagem como o Professor nunca leu nem inventou. Seu coração bate tanto, tanto, que ele o aperta com a mão.

Jorge Amado. Capitães da Areia

Assinale a alternativa com comentário pertinente à leitura do texto.

(A) O trecho se coaduna com os ideais da primeira fase modernista e suas intenções de construir uma prosa antipassadista, em busca de ruptura formal com a liberdade.
(B) Encaixa-se na segunda fase do Modernismo e é exemplo da literatura de caráter social com ambientação na Bahia.
(C) Corresponde ao Modernismo de segunda fase e incorpora as relações de poder no ciclo do cacau, no sul da Bahia.
(D) Revela plena intenção de seu autor de extrapolar as formas convencionais de composição ao criar personagens representativos da seca no Nordeste.
(E) Constitui exemplo de literatura pré-modernista, que, ao lado das obras de Euclides da Cunha, busca construir um retrato definitivo do povo brasileiro.

QUESTÃO 02: (UFMS) Sobre o romance Capitães da Areia, é correto afirmar que

(A) ao enfatizar a naturalidade e a espontaneidade da fala cotidiana, o narrador incorpora ao texto a linguagem popular, registrando a fala das personagens tal como ela parece ser produzida.
(B) há o predomínio do discurso indireto livre, observando-se a intenção do narrador de colocar em destaque o íntimo das personagens e o afloramento constante dos desejos femininos.
(C) o assunto da obra em questão são os marinheiros, e ela inaugura um verdadeiro ciclo marítimo na produção de Jorge Amado, projeto que se irá completar com outras obras, como: Mar Morto, Jubiabá e Velhos Marinheiros.
(D) é uma obra regionalista, cuja preocupação central é registrar costumes, crenças, tradições e linguagem típicas do litoral da Bahia.
(E) dentre as personagens que povoam seu universo ficcional, há que se destacar Pixote, figura que inspirou um filme com o mesmo nome.

QUESTÃO 03: Leia as asserções e assinale a alternativa correta.

I. As personagens de Capitães da Areia, geralmente planas e típicas, podem ser agrupadas em duas esferas sociais: a dos pobres e a dos ricos. Todavia, Pedro Bala, professor, Sem-Pernas, Volta Seca e o padre José Pedro apresentam maior complexidade psicológica, aproximando-se da categoria das personagens redondas.

II. O narrador de Capitães da Areia pronuncia-se em terceira pessoa, é dotado de onisciência e mantém uma relação empática com as personagens marginalizadas. Frequentemente, o mundo interior das personagens mais importantes é revelado por meio da técnica do discurso indireto livre.

III. Quanto ao gênero literário, Capitães da Areia é um romance que pode ser vinculado à tradição do romance de aprendizagem ou de formação, além de apresentar algumas conexões com a novela picaresca, na medida em que a narrativa contém a biografia de Pedro Bala, cujo processo de desenvolvimento físico e moral o leitor acompanha desde a infância até o início da vida adulta.

São corretas

(A) somente I.
(B) Somente III.
(C) Somente I e II.
(D) Todas.
(E) Nenhuma.

QUESTÃO 04: (Cefet-BA) Entre os Capitães da Areia, vivia apenas uma mulher, Dora. Esta personagem

(A) tem um papel importante, encarnando, em momentos diversos, a figura de mãe, irmã e esposa.
(B) representa a força feminina, nas obras de Jorge Amado, a partir da questão da prostituição e da marginalização social.
(C) provoca uma série de problemas entre o grupo, que perduram até a sua morte, por causa da varíola.
(D) traz alívio para os pequenos que faziam parte do grupo, porque, enquanto os outros saíam para os roubos, ela se responsabilizava pelos que ficavam.
(E) tenta conseguir emprego de empregada doméstica, mas não conseguiu, porque tinha contraído varíola, epidemia que assolou a cidade, provocando óbitos e medo.









GABARITO

01: B
02: A
03: D
04: A




sábado, 15 de abril de 2023

A LITERATURA NO TEMPO



SÉCULO XI e XII

Origens da literatura em Portugal
Produção marcada pelas cantigas trovadorescas e pelas novelas de cavalaria, que, desenvolvidas no contexto das Cruzadas, criaram um imaginário vivo até hoje.

SÉCULO XIV

Classicismo
Durante o Renascimento, a arte retoma valores humanistas herdados da cultura grego-romana, em que o ser humano é colocado no centro da própria vida.

Início da literatura brasileira
Com a chegada dos portugueses ao Brasil, desenvolve-se uma literatura religiosa, registrada em sermões, e de catequese.

SÉCULO XVII

Barroco
No século XVI, ocorre uma retomada dos valores cristãos com reação aos avanços do Protestantismo na Europa. Nesse contexto, a literatura barroca do século XVII valoriza as formas e os jogos de palavras rebuscados, tendo a religião e a fugacidade da vida como temáticas principais.

SÉCULO XVIII

Neoclassicismo/Arcadismo
Nesse período, reavivam-se valores do Classicismo, tanto na forma como nos temas. No Brasil, a literatura arcadista valoriza a natureza, a simplicidade e temas pastoris.

SÉCULO XIX

Romantismo
Iniciado no século XVIII e tendo seu auge no século XIX, o Romantismo traz a natureza, o amor e a burguesia para uma literatura que rompe com os padrões clássicos e defende a liberdade na criação.

Realismo
Tem visão crítica com relação ao que considera exageros do Romantismo, como a representação dos sentimentos e de seus ideais. Por isso, o realismo busca retratar a sociedade de maneira mais objetiva e fiel à realidade.

Naturalismo
Influenciadas pela filosofia determinista de Taine e pelo Higienismo, as obras naturalistas defendiam a tese de que o ser humano é produto do meio em que vive.

Simbolismo e Parnasianismo
Em oposição ao Realismo e ao Naturalismo e também à poesia romântica, foram tendências da literatura poética que priorizaram, respectivamente, os sentidos como forma de antingir o leitor e uma elaboração formal preciosista que valorizava a arte pela arte.

SÉCULO XX

Pré-Modernismo
Sustenta um olhar mais crítico para a realidade social brasileira e adota uma linguagem que permite, em alguns casos, registros mais informais, próximos do falar cotidiano.

Modernismo: 1ª fase
Inovação radical na linguagem e na temática, dando destaque ao nacionalismo e às raízes culturais brasileiras por meio de ironias e experimentações estéticas e formais.

Modernismo: 2ª fase
Na literatura marcada pelo contexto da Segunda Guerra Mundial e da Era Vargas, retomam-se o Realismo e o Romantismo e aprofunda-se a representação de temas regionais marcada pelo olhar crítico.

Modernismo: 3ª fase
Marcado por novas experimentações formais que exploram, entre outros recursos, o espaço do papel em articulação com a linguagem verbal.

SÉCULO XXI

Literatura contemporânea
Marcada por enorme diversidade de tendências. A noção de gênero se dilui: um romance pode misturar imagem, poema, biografia, por exemplo, ou ser apenas um romance no sentido mais tradicional.



Fonte: CAMPOS, Maria Tereza Arruda; ODA, Lucas Sanches. Língua portuguesa: multiversos. Ensino Médio. São Paulo: 2020.


sábado, 3 de setembro de 2022

SIMBOLISMO NO BRASIL (1893-1902)


O Simbolismo brasileiro inicia-se em 1893, com a publicação de dois livros: Missal (coletânea de poemas em prosa) e Broquéis (poemas), de Cruz e Sousa.

A fusão de poesia e prosa é uma característica do Modernismo antecipada pelos simbolistas. O pequeno grupo de simbolistas agregou-se em torno de Cruz e Sousa, nosso mais importante autor desse estilo. A morte do poeta, em 1898, provocou a dissolução do grupo.

Se na literatura europeia o Simbolismo teve grande aceitação, o mesmo não ocorreu no Brasil, pois esse estilo mal se fez notar pelo público, acostumado a ler poesia parnasiana.

Hoje a poesia simbolista é considerada fundamental para o surgimento do Modernismo no Brasil.

Autores e obras:

Cruz e Sousa (1861-1898)

João da Cruz e Sousa nasceu em Florianópolis (SC). Filho de escravos alforriados, recebeu uma educação escolar primorosa, pois tornou-se protegido dos antigos senhores de seus pais. Fugiu com um circo que passava pela cidade e, depois de uma rápida permanência no Rio Grande do Sul, foi para o Rio de Janeiro, onde se fixou até a morte. Começou sua carreira como jornalista. Casou-se com Gavita, que enlouqueceria em 1896, sendo cuidada em casa pelo próprio poeta. Vários de seus poemas têm a loucura como tema. Morreu tuberculoso, em 1898.

Obra

Poesia: Broquéis (1893); Faróis (1900); Últimos sonetos (1905).
Prosa poética: Tropos e fanfarras (1885) - em colaboração com Vírgilio Várzea; Missal (1893); Evocações (1898).

"Violões que choram" é um dos mais conhecidos poemas de Cruz e Sousa. Desse poema, transcrevemos o trecho em que, empregando inúmeras figuras de estilo, o poeta procura descrever o som dos violões.

Ah! plangentes violões dormentes, mornos,
soluços ao luar, choros ao vento...
Tristes perfis, os mais vagos contornos,
bocas murmurejantes de lamento.

Noites de além, remotas, que eu recordo,
noites de solidão, noites remotas
que nos azuis das Fantasias bordo,
vou constelando de visões ignotas.

Vozes veladas, veludosas vozes,
volúpias dos violões, vozes veladas,
vagam nos velhos vórtices velozes
dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.

CRUZ e SOUSA. Poesias Completas de Cruz e Sousa. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995, p.50-53. Fragmento.

Vocabulário:
plangente: que chora, triste, lastimoso
dormente: entorpecido
ignoto: desconhecido
velado: coberto com véu; disfarçado
volúpia: grande prazer
vórtice: redemoinho
vulcanizado: ardente, inflamado

Alphonsus de Guimarães (1870-1921)



















Esse era o pseudônimo poético de Afonso Henriques da Costa Guimarães, nascido em Ouro Preto (MG). Morou em São Paulo, onde iniciou o curso de Direito, que concluiria em Ouro Preto. A morte da noiva, Constança, parece ter marcado sua vida. Em 1906 foi nomeado juiz de Direito em Mariana (MG). Lá se casou, teve quinze filhos e permaneceu até a morte.

Obra

Poesia: Setenário das dores de Nossa Senhora; Câmara ardente; Dona Mística (todos de 1899); Kyriale (1902).
Prosa: Mendigos (1920).

Ismália
Alphonsus de Guimaraens

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu.
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...

GUIMARAENS, Alphonsus de. Poesia. Rio de Janeiro, Agir, 1976.

Vocabulário:
desvario: loucura
ruflar: bater de asas



sábado, 18 de setembro de 2021

QUESTÕES SOBRE A LITERATURA BARROCA NO BRASIL. PREPARE-SE PARA O ENEM.

QUESTÃO 01 (ENEM 2014): Leia o texto a seguir.

Quando Deus redimiu da tirania

Da mão do Faraó endurecido

O Povo Hebreu amado, e esclarecido,

Páscoa ficou da redenção o dia.


Páscoa de flores, dia de alegria

Àquele Povo foi tão afligido

O dia, em que por Deus foi redimido;

Ergo sois vós, Senhor, Deus da Bahia.


Pois mandado pela alta Majestade

Nos remiu de tão triste cativeiro,

Nos livrou de tão vil calamidade.


Quem pode ser senão um verdadeiro

Deus, que veio estirpar desta cidade

O Faraó do povo brasileiro.


DAMASCENO, D. (Org.). Melhores poemas: Gregório de Matos. São Paulo: Globo, 2006.


Com uma elaboração de linguagem e uma visão de mundo que apresentam princípios barrocos, o soneto de Gregório de Matos apresenta temática expressa por


(A) visão cética sobre as relações sociais.

(B) preocupação com a identidade brasileira.

(C) crítica velada à forma de governo vigente.

(D) reflexão sobre os dogmas do cristianismo.

(E) questionamento das práticas pagãs na Bahia.


QUESTÃO 02: Entre as características literária do Barroco, destaca-se


(A) a necessidade de fuga da realidade.

(B) as ideias de base antropocentrista.

(C) o sentimento de exaltação da pátria.

(D) o uso de antíteses, metáforas e paradoxos.

(E) a idealização do amor e da mulher.


QUESTÃO 03: Leia o texto a seguir.


Ardor em firme coração nascido!

Pranto por belos olhos derramado!

Incêndio em mares de água disfarçado!

Rio de neve em fogo convertido!


Tu, que em um peito abrasas escondido,

Tu, que em um rosto corres desatado,

Quando fogo em cristais aprisionado,

Quando cristal em chamas derretido.


Se és fogo como passas brandamente?

Se és neve, como queimas com porfia?

Mas ali! Que andou Amor em ti Prudente,

Permitiu, parecesse a chama fria.


(Gregório de Matos)


O soneto de Gregório de Matos, acima, compõem-se de um claro jogo de palavras muito comum no exercício da poesia barroca. Dessa forma, na associação sugestiva entre ideias distintas como em “neve ardente” ou “chama fria”, tem-se


(A) um eufemismo.

(B) paradoxo.

(C) uma metonímia.

(D) uma hipérbole.

(E) uma ironia.


QUESTÃO 04: Sobre as principais características do Barroco, assinale (V) para as alternativas verdadeiras e (F) para as falsas.


(   ) A busca de uma síntese entre elementos contraditórios é a principal característica do modo de pensar no período barroco.

(   ) O estilo barroco é o meio de expressão do homem da época, saudoso da religiosidade medieval e, ao mesmo tempo, seduzido pelas solicitações terrenas e pelos valores do mundo.

(  ) Os autores barrocos se preocuparam em enfatizar o nacionalismo em suas obras, dedicando-se à reconstituição de fatos da história brasileira.

(   ) Misticismo, espiritualismo, subjetivismo e musicalidade são características importantes da poesia barroca.


De cima para baixo, a sequência correta é:


(A) F, F, V, V.

(B) V, F, V, F.

(C) V, F, F, V.

(D) F, V, V, F.

(E) V, V, F, F


QUESTÃO 05: Leia o texto a seguir.


Anjo no nome, Angélica na cara

Isso é ser flor, e Anjo juntamente

Ser Angélica flor, e Anjo florente

Em quem, se não em vós se uniformara?


Quem veria uma flor, que a não cortara

De verde pé, de rama florescente?

E quem um Anjo vira tão luzente

Que por seu Deus, o não idolatrara?


Se como Anjo sois dos meus altares

Fôreis o meu custódio, e minha guarda

Livrara eu de diabólicos azares

Mas vejo, que tão bela, e tão galharda

Posto que os Anjos nunca dão pesares

Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda


(Gregório de Matos)


A poesia lírica de Gregório celebrou os amores vividos pelo poeta baiano como no poema transcrito em que o eu lírico


(A) compara a amada a uma flor e a um anjo.

(B) declara, sem qualquer eroticidade, seu amor por uma santa.

(C) em favor de um amor puro, procuro não discutir o amor carnal.

(D) foge ao materialismo amoroso e demonstra apenas o exercício da fé.

(E) ao citar a flor, assemelha-a a uma santa.



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GABARITO

01: C

02: D

03: B

04: E

05: A


sábado, 3 de julho de 2021

ATIVIDADES ROMANTISMO NO BRASIL 1ª FASE - ENSINO MÉDIO

O texto que segue é um dos poemas mais conhecidos da literatura brasileira. Gonçalves Dias escreveu-o em 1843, quando estava em Coimbra, onde fazia seus estudos universitários. O poeta vivia, então, uma situação de exílio, porém voluntário, e não político. leia o poema a seguir.


Canção do exílio


Kennst du das Land, Wo die Citronem blühn,

Im dunkeln Laub die Gold-Orangen Glühn,

Kennst du es wohl? - Dahin, dahin!

Möcht ich… ziehn.* (Goethe)

Conheces o país onde florescem as laranjeiras?

Ardem na escura fronde os frutos de ouro.

Conhece-lo? - Para lá quisera eu ir!


Tradução de Manuel Bandeira



Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá;

As aves, que aqui gorjeiam,

Não gorjeiam como lá.


Nosso Céu tem mais estrelas,

Nossas várzeas têm mais flores,

Nossos bosques têm mais vida,

Nossa vida mais amores.


Em cismar, sozinho, à noite,

Mais prazer encontro eu lá;

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá.


Minha terra tem primores,

Que tais não encontro eu cá;

Em cismar - sozinho, à noite -

Mais prazer encontro eu lá;

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá.


Não permita Deus que eu morra

Sem que eu volte para lá;

Sem que desfrute os primores

Que não encontro por cá;

Sem qu’inda aviste as palmeiras,

Onde canta o sabiá.


In: Gonçalves Dias. São Paulo: Abril Educação, 1982.


FONTE: https://www.pinterest.pt/pin/453808099946453549/


1. A linguagem empregada nos textos do Barroco e do Arcadismo ainda guardava forte influência do português literário lusitano: o vocabulário era culto, a sintaxe apresentava inversões e não se empregavam palavras de origem tupi ou africana. Observe a linguagem da “Canção do exílio” e responda: A linguagem do poema, escrito há mais de 170 anos, se mostra acessível ou inacessível para o leitor de hoje?

2. O poema apresenta um jeito de falar brasileiro e uma forte musicalidade, associada ao emprego de recursos como rimas e ritmo. Que palavras rimam entre si?

3. O poema de Gonçalves Dias tem como epígrafe alguns versos do escritor romântico alemão Goethe. Epígrafe é uma frase ou um trecho de obra de outro autor no qual o escritor se inspira para escrever seu próprio texto. Leia a nota de tradução dos versos de Goethe e compare os versos do escritor alemão aos do escritor brasileiro.

a) Em que se assemelham?

b) Gonçalves Dias fala de uma natureza generosa, como nos versos de Goethe, mas substitui as laranjeiras dos versos do escritor alemão por palmeiras. Por que você acha que isso acontece?

4. Todo o poema se articula em torno da oposição entre dois espaços: a pátria (o Brasil) e o exílio (Portugal).

a) Que palavras do texto evidenciam essa antítese?

b) Ao descrever o Brasil, o eu lírico destaca que espécie de elementos: culturais, naturais ou sociais? Justifique sua resposta com elementos do texto.

c) Que sentimento a distância da pátria provoca no eu lírico?

5. É comum, nos textos, o eu lírico ou a personagem apresentar um estado de alma melancólico, triste e reflexivo, voltado para seu mundo interior. Identifique no texto ao menos uma situação em que isso ocorre.

6. A natureza, nos textos árcades, não apresentava vida; com um papel secundário, servia apenas como pano de fundo para o idílio amoroso. Além disso, a presença de alguns elementos da paisagem nacional (principalmente mineira) era indício de nativismo, e não de nacionalismo.

a) No poema romântico de Gonçalves Dias, a natureza brasileira também assume um papel secundário?

b) Levante hipóteses: qual é a semelhança entre sentimento nativista e sentimento nacionalista?

c) No poema de Gonçalves Dias, a natureza brasileira é expressão de sentimento nativista ou de sentimento nacionalista?

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GABARITO

1. Espera-se que os alunos percebam que a linguagem do poema é bem mais simples que a dos movimentos literários anteriores.
2. Principalmente as palavras cá, lá e sabiá.
3. a) Em ambos os textos, o eu lírico manifesta o desejo de ir para outro país, para outro lugar, cuja natureza é generosa.
b) Porque as palmeiras são mais representativas da natureza brasileira do que as laranjeiras.
4. a) Lá e cá, respectivamente.
b) Destaca elementos naturais, como as palmeiras, o sabiá, o céu, as estrelas.
c) Saudade.
5. Na 3ª e na 4ª estrofes: “Em cismar, sozinho, à noite”.
6. a) Não.
b) Sentimento nativista é amor pelo lugar em que se nasceu; nacionalismo é o amor pela pátria.
c) De um sentimento nacionalista. Observação: Na época do barroco e do Arcadismo, o Brasil era colônia de Portugal, e os brasileiros ainda não se viam como nação.

sábado, 1 de maio de 2021

ATIVIDADES SOBRE A 1ª GERAÇÃO DO ROMANTISMO NO BRASIL (COM GABARITO)

 O texto a seguir refere-se às questões 01 e 02:


Oh! Que saudades que eu tenho

Da aurora da minha vida,

Da minha infância querida,

Que os anos não trazem mais!


Que amor, que sonhos, que flores

Naquelas tardes fagueiras

À sombra das bananeiras

debaixo dos laranjais!


(Casimiro de Abreu)


QUESTÃO 01: Todas as alternativas apresentam características românticas do texto, exceto:


(A) o eu lírico foge da realidade presente para um passado idealizado.

(B) o eu poético expressa suas emoções.

(C) o autor dissocia os aspectos formais dos emocionais.

(D) a voz poética revela-se saudosista.

(E) o autor apresenta elementos de brasilidade.


QUESTÃO 02: Assinale o dado linguístico que liga o trecho ao estilo romântico.


(A) pontuação excessiva.

(B) predominância de adjetivos.

(C) elementos sofisticados para o cenário.

(D) verbos para exaltação do tempo presente.

(E) pronomes possessivos garantem o egocentrismo.


O texto a seguir refere-se às questões 03 e 04.


Tupã, ó Deus grande! cobriste o teu rosto

Com denso VELAME de penas gentis;

E jazem teus filhos clamando vingança

Dos bens que lhes deste da perda infeliz!


Tupã, ó Deus grande! teu rosto descobre;

Bastante sofremos com tua vingança!

Já lágrimas tristes choram teus filhos,

Teus filhos que choram tão grande mudanças.


Anhangá impiedoso nos trouxe de longe

Os homens que raio manejam cruentos,

Que vivem sem pátria, que vagam sem tino

Trás do ouro correndo, vorazes, sedentos.


E a terra em que pisam e os campos e os rios

Que assaltam, são nossos; tu és nosso Deus:

Por que lhes concedes tão alta pujança.

Se os raios de morte, que vibram, são teus?


(Gonçalves Dias)


QUESTÃO 03: Dadas as afirmações:


I. Evidencia-se nesses versos uma característica típica que dominou a obra de seu autor: o indianismo. Neles o poeta ressalta o sentimento de honra e nobreza de caráter do índio e apresenta-o como um ser idealizado e livre.

II. Não obstante os versos sejam do período literário que sucedeu ao Arcadismo, o problema denunciado pelo poeta - os malefícios, causados pelos brancos aos índios - ainda é atual.

III. Embora pertença à primeira geração dos poetas românticos, o autor antecipa nestes versos temáticas que provocaram profunda renovação da poesia romântica: pessimismo e nacionalismo.


Está(ão) correta(s):


(A) apenas I.

(B) apenas I e III.

(C) apenas II.

(D) apenas I e II.

(E) todas.


QUESTÃO 04: As afirmações referem-se ao autor dos versos transcritos anteriormente:


I. A nostalgia, a saudade, o retorno ao passado e a exaltação da pátria caracterizam a sua obra.

II. As lamentações pelo amor impossível, os anseios, as inquietações, os desencantos caracterizam o seu lirismo amoroso, que muitas vezes se identifica com a atitude de vassalagem do trovador medieval.

III. “I-Juca-Pirama” é uma síntese da temática indianista que dominou sua obra: idealizou o indígena, descrevendo-o como um herói, interpretou sua psicologia e exaltou a natureza em que ele vivia.


Está(ão) correta(s):


(A) apenas III.

(B) apenas I e II.

(C) apenas I e III.

(D) apenas II e III.

(E) todas.


QUESTÃO 05: Leia o texto a seguir.


Canção do tamoio


I


Não chores, meu filho:

Não chores, que a vida

É luta renhida:

Viver é lutar.

A vida é combate,

Que os fracos abate,

Que os fortes, os bravos,

Só pode exaltar.


II


Um dia vivemos!

O homem que é forte

Não teme da morte;

Só teme fugir;

No arco que entesa

Tem certa uma presa,

Quer seja tapuia,

Condor ou tapir.

[...]


III


Domina, se vive;

Se morre, descansa

Dos seus na sua lembrança,

Na voz do porvir.

Não cures da vida!

Sê bravo, sê forte!

Não fujas da morte,

Que a morte há de vir!


(Gonçalves Dias)


Em Canção do tamoio, o pai apela para que o filho:


(A) assuma um lugar de destaque e liderança na tribo por meio de negociações e alianças.

(B) seja bravo e forte, não temendo a morte gloriosa que lhe garantirá a fama póstuma.

(C) não tema a morte nem a fuga, para que sua atitude seja lembrada pelos demais guerreiros da tribo.

(D) não chore porque a vida é um combate que derruba fracos e fortes indiferentemente.

(E) não se preocupe com a vida porque os meios de sobrevivência são oferecidos pela floresta.


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GABARITO


01: C

02: E

03: C

04: E

05: B