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sábado, 3 de maio de 2025

SABE TUDO LITERÁRIO - UM JOGO PARA SABER QUEM SABE MAIS SOBRE A LITERATURA BRASILEIRA


 SABE TUDO LITERÁRIO

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sábado, 8 de março de 2025

ALUÍSIO AZEVEDO (1857-1913) ATIVIDADES DE LITERATURA PARA O ENSINO MÉDIO COM GABARITO

 



Aluísio Tancredo Gonçalves Azevedo nasceu em São Luís, capital do Maranhão, em 1857. O berço do autor já foi um escândalo na então provinciana capital maranhense: a mãe abandonara o marido e passara a viver com o vice-cônsul português na cidade, um jovem viúvo. Dessa "união ilegítima" nasceram primeiro Artur Azevedo - que iria tornar-se escritor de peças de teatro - e depois Aluísio Tancredo, excelente caricaturista, desenhista e, mais tarde, o inaugurador de nosso Naturalismo.

A habilidade de caricaturista deu origem a um método original de trabalho: segundo depoimento de um amigo da época, o escritor primeiro desenhava suas personagens, pintava-as e recortava-as sobre papelão para depois escrever as cenas de seus romances. Nada mais condizente com um escritor naturalista!

Morou um tempo no Rio de Janeiro e regressou a São Luís quando o pai morreu. Antes de estrear no Naturalismo, escreveu um romance romântico de descutível qualidade: Uma lágrima de mulher. Ajudou então a lançar o jornal O pensador, que fazia ferrenha oposição ao clero. Aluísio, não bastasse ter nascido de pais descasados, agora tornava-se o "satanás da cidade". Isso seria pouco diante do escândalo provocado com o lançamento de O mulato, em que muitas pessoas da sociedade maranhense se viram refletidas.

Livro lançado, escândalo armado. O redator do jornal A civilização aconselhou ao romancista: "À lavoura, meu estúpido! "À lavoura! Precisamos de braços e não de prosas em romances!"

Nada estúpido, sentindo que sua situação na cidade tendia a se complicar, com o sucesso obtido pelo livro na capital federal, o escritor colocou fama e dinheiro na bagagem e voltou ao Rio.

Decidido a ganhar a vida como romancista, tinha de publicar sempre. Daí o desnível qualitativo de sua obra: romances dentro da mais pura convenção romântica intercalavam-se com obras naturalistas.

A estabilidade financeira que o escritor procurava não veio através da literatura. Em 1895 conseguiria ingressar na carreira diplomática: espanha, Japão e Argentina. Depois de outras andanças sul-americanas e europeias, voltou a fixar-se em Buenos Aires, junto com a companheira, Pastora, e os dois filhos do primeiro matrimônio dela. Desde o ingresso na carreira diplomática, até morrer, em janeiro de 1913, Aluísio Azevedo nunca mais escreveu ficção.

A tentativa de fixar a realidade de modo objetivo, quase científico, é a principal característica da literatura naturalista. No Brasil, essa tendência inaugurou-se com O mulato, obra de Aluísio Azevedo.


OBRA

Romances românticos: Uma lágrima de mulher (1879); Memórias de um condenado (ou A condessa Véper) (1882); Mistério da Tijuca (ou Girândola de amores) (1882); Filomena Borges (1884); A mortalha de Alzira (1894).

Romances naturalistas: O mulato (1881); Casa de pensão (1884); O homem (1887); O cortiço (1890); O coruja (1890).

Escreveu ainda contos e crônicas.

Aluísio Azevedo pretendeu interpretar a realidade de uma camada social marginalizada, em franco processo de degradação, quer pela força da pressão social, quer pelo determinismo - teoria que o autor considera válida.

A cronologia da produção literária do escritor chama a atenção pelo fato de as obras naturalistas e as românticas serem, muitas vezes, simultâneas. O desnível de qualidade de seus romances certamente decorria da necessidade de escrever seguidamente, fazendo concessões ao público.

Segundo a crítica, o defeito de sua obra naturalista reside no fato de as personagens se reduzirem a meros tipos, esquemas sem vida interior. Sua grande virtude está, segundo a mesma crítica, no poder de retrar agrupamentos humanos.

FONTE:
Foto: https://pt.wikipedia.org/wiki/Alu%C3%ADsio_Azevedo
FARACO, Carlos Emílio; MOURA, Francisco Marto. Língua e Literatura.16 ed. São Paulo: Ática, 1996.



ATIVIDADES

01: A vida pessoal de Aluísio Azevedo foi marcada por diversos conflitos e escândalos. De que forma esses acontecimentos pessoais influenciaram sua obra literária? Comente:

02: Compare e contraste as obras naturalistas de Aluísio Azevedo com seus romances românticos. Quais são as principais diferenças entre esses dois estilos?

03: A carreira diplomática de Aluísio Azevedo interrompeu sua produção literária. Quais foram as possíveis razões para essa interrupção? Discuta o impacto dessa decisão na literatura brasileira.







GABARITO

01: Espera-se que o aluno responda que a vida turbulenta de Aluísio Azevedo, marcada por uma origem familiar polêmica e por confrontos com a sociedade maranhense, exerceu uma profunda influência em sua produção literária. O autor frequentemente utilizava suas próprias experiências e as de seus familiares como matéria-prima para seus romances, conferindo a eles um caráter autobiográfico e uma crueza realista. Em obras como "O Mulato", por exemplo, a temática do preconceito racial e da exclusão social, presente na própria vida do autor, é explorada de forma contundente. Além disso, a oposição à Igreja e à moral tradicional, que marcou sua trajetória, encontra eco em seus romances naturalistas, nos quais a hipocrisia e a vulgaridade da sociedade são denunciadas sem pudores.

02: Espera-se que o aluno responda que a obra de Aluísio Azevedo apresenta uma grande oscilação entre o Romantismo e o Naturalismo. Enquanto os romances românticos se caracterizam pelo idealismo, pela valorização dos sentimentos e pela busca por um herói idealizado, os romances naturalistas apresentam uma visão mais realista e objetiva da realidade, com personagens complexos e ambíguos, e uma linguagem mais crua e direta. No Romantismo, o autor buscava a beleza e a perfeição, enquanto no Naturalismo, ele se volta para a realidade cotidiana, com suas mazelas e contradições.

03: Espera-se que o aluno respa que a decisão de Aluísio Azevedo de ingressar na carreira diplomática pode ser explicada por diversos fatores, como a busca por estabilidade financeira e a necessidade de se afastar dos conflitos e escândalos que marcavam sua vida no Brasil. Essa interrupção da produção literária representou uma grande perda para a literatura brasileira, uma vez que Azevedo era um dos principais nomes do Naturalismo no país. Sua ausência deixou um vácuo que foi difícil de ser preenchido por outros escritores.












sábado, 1 de março de 2025

RAUL POMPEIA (1863-1895) ATIVIDADES DE LITERATURA PARA O ENSINO MÉDIO COM GABARITO



Raul D'Ávila Pompeia nasceu em Angra dos Reis em 1863. Frequentou um colégio interno; formou-se em direito em São Paulo. Voltando ao Rio, dedicou-se ao jornalismo. Foi também diretor da Biblioteca Nacional. De temperamento ultrassensível, passou uma vida bastante isolada. Suicidou-se na noite do Natal de 1895.

OBRA

Prosa: O Ateneu (1888) - romance; Canções sem metro (1900) - crônicas, poemas em prosa, divagações poéticas.

O romance de Raul Pompeia não se enquadra numa classificação exata. Apoiando-se na memória subjetiva de um narrador - Sérgio - e não na realidade objetiva dos fatos, a reconstituição da vivência da personagem central no colégio Ateneu adquire um caráter acentuadamente psicológico. Isso afasta a obra do padrão realista/naturalista.

É verdade que em determinados momentos o romance tende ao Naturalismo, como na descrição da personagem Ângela:

"Ângela tinha cerca de vinte anos; parecia mais velha pelo desenvolvimento das proporções. Grande, carnuda, sanguínea e fogosa, era um desses exemplares excessivos do sexo que parecem conformados expressadamente para esposas da multidão..."

Mas não é esse o tom geral do romance. Fugindo à exatidão descritiva e à frieza da narração realista/naturalista, o estilo de Raul Pompeia acrescenta uma nova técnica ao nosso Realismo: a técnica impressionista.

O termo surgiu nas artes plásticas e designa a maneira de pintar em que o artista registra não a realidade, mas a impressão que esta realidade desperta nele.

Na literatura, são características do impressionismo:

  • o escrito não pretende “fotografar” a realidade, mas registrar a impressão que coisas e fatos provocam no espírito e na lembrança da personagem;

  • o registro das emoções e impressões importa mais que a ação;

  • as personagens quase nunca falam ou agem diretamente. Tudo chega ao leitor através da memória do narrador;

  • esse narrador é onisciente e conhece o avesso, o interior das personagens;

  • a narrativa, por ser subjetiva e submetida ao fluxo da memória, geralmente não apresenta ordem cronológica;

  • os pormenores importam mais que a descrição do todo.



FONTE:
Foto: https://pt.wikipedia.org/wiki/Raul_Pompeia
FARACO, Carlos Emílio; MOURA, Francisco Marto. Língua e Literatura.16 ed. São Paulo: Ática, 1996.

ATIVIDADES

01: Analise o impacto do contexto social da época na obra de Raul Pompeia, especialmente em "O Ateneu". Como as experiências pessoais do autor podem ter influenciado sua escrita?

02: Discuta a técnica impressionista utilizada por Raul Pompeia em sua obra. Como essa técnica se difere do realismo/naturalismo típico da época?

03: Em "O Ateneu", o personagem Sérgio serve como narrador. Qual é a importância dessa escolha narrativa para a construção da obra?

04: Considerando a descrição da personagem Ângela, como Raul Pompeia incorpora elementos naturalistas, mesmo misturando com seu estilo impressionista?

05: Como o uso da memória e a estrutura não linear da narrativa influenciam a trama de "O Ateneu" e a compreensão do leitor sobre os eventos narrados?









GABARITO

01: Espera-se que o aluno responda que o contexto social do final do século XIX no Brasil era marcado por mudanças políticas, sociais e culturais. Raul Pompeia, vivendo uma vida isolada e de temperamento sensível, pode ter se sentido à margem dessas transformações, o que refletiu em sua escrita. As experiências pessoais, como sua formação em um colégio interno e a experiência de sua própria condição emocional, influenciaram a construção da narrativa de "O Ateneu", onde o foco é a subjetividade e o psicológico das personagens, distantes das descrições objetivas do realismo.

02: Espera-se que o aluno responda que a técnica impressionista em Raul Pompeia busca registrar as impressões subjetivas do narrador ao invés de oferecer uma fotografia exata da realidade. Diferente do realismo/naturalismo que se concentra em descrever fatos de maneira objetiva e impessoal, o impressionismo valoriza as emoções, memórias e a percepção interna dos personagens. Isso cria uma narrativa mais rica em sensações e atmosfera, deixando a ação em segundo plano frente às impressões provocadas pelas experiências vividas.

03: Espera-se que o aluno responda que a escolha de Sérgio como narrador permite que a história seja contada sob uma perspectiva altamente subjetiva, permitindo ao leitor acessar diretamente suas memórias e impressões. Essa abordagem acentua o caráter psicológico da narrativa e destaca a subjetividade das experiências humanas. Como narrador onisciente, Sérgio também revela intimidades dos personagens, proporcionando uma visão mais profunda de suas emoções e dilemas, o que contrasta com uma narração mais objetiva típica do realismo.

04: Espera-se que o aluno responda que a descrição de Ângela possui características naturalistas, evidenciando traços físicos e temperamentais marcantes, o que reflete uma análise objetiva e científica da personagem. No entanto, essa descrição, ao ser integrada ao estilo impressionista de Raul Pompeia, não se limita a relatar aspectos físicos, mas visa provocar uma impressão no leitor sobre a complexidade emocional da personagem. Assim, a obra transita entre o naturalismo e o impressionismo, utilizando a descrição física como um ponto de partida para um retrato psicológico mais profundo.

05: Espera-se que o aluno responda que a utilização da memória e a estrutura não linear da narrativa em "O Ateneu" criam uma sensação de fluidez no tempo, onde os eventos não são apresentados de forma cronológica, mas sim conforme as recordações do narrador. Isso enriquece a obra ao permitir que o leitor experimente as emoções e reflexões de Sérgio à medida que ele revê suas experiências. Essa abordagem também requer uma maior participação ativa do leitor, que precisa conectar fragmentos de memória para entender a totalidade da narrativa e suas nuances emocionais, levando a uma interpretação mais rica e pessoal da obra.


sábado, 22 de fevereiro de 2025

AUGUSTO DOS ANJOS (1884-1914) ATIVIDADES DE LITERATURA PARA O ENSINO MÉDIO COM GABARITO

 




Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos
nasceu no engenho de Pau-d'Arco, na Paraíba, em 1884. Depois de ter-se formado em Direito na Escola de Recife, exerceu a promotoria e o magistério. Descobriu sua vocação literária principalmente no contato com a obra dos poetas românticos, dos quais era leitor constante. Na faculdade de Direito, entrou em contato com textos filosóficos da chamada Escola do Recife, de caráter naturalista. Aliás, esse grupo exerceu grande influência no mundo cultural do Nordeste no final do século. Nessa época, de acordo com depoimento de amigos, sofreu uma profunda crise de identidade, que se refletirá em sua poesia.



Em 1912 publicou-se o Eu, em edição financiada pelo poeta e seu irmão. Nesse mesmo ano nasceu sua filha. O filho viria no ano seguinte. Nomeado diretor de um grupo escolar em Leopoldina (MG), o poeta morreu poucos dias depois de ter assumido o cargo.

OBRA

Eu (1912)

A essa única obra, constituída de sonetos e de 58 poemas longos, foram-se agregando mais tarde outros poemas. Escreveu ainda crônicas para jornais.

A poesia de Augusto dos Anjos não encontra paralelo em nossa literatura, sobretudo pelo vocabulário. Quando se publicou Eu, ainda era grande a influência de Olavo Bilac em nossa literatura (em 1913) seria eleito Príncipe dos Poetas Brasileiros), assim como de outros medalhões de nossas letras: Coelho Neto, Rui Barbosa, Alberto de Oliveira.

Foi nesse contexto que se leram versos como:

E muitas vezes, à meia-noite, rio
Sinistramente vendo o verme frio
Que há de comer a minha carne toda!

"Mau gosto" - foi a primeira reação. Claro, a poesia de Augusto dos Anjos contrariava os padrões de "bom gosto" então vigentes para a camada considerada culta.

Mas o que chamou a atenção foi a linguagem, que empregava muitos termos da ciência da época, a ponto de o Eu ter sido incorporado à biblioteca da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. O poeta mostrava, de fato, sintonia com as teorias de Darwin e Spencer.

Essa linguagem é o veículo para os temas fundamentais da poesia de Augusto dos Anjos: decomposição, podridão, sofrimento, morte. Nesse terreno, move-se o verme, agente da destruição a que está sujeito todo o universo. Um crítico chamou sua obra de "poesia de necrotério".

O sucesso de público da poesia de Augusto dos Anjos é bastante considerável: o Eu já teve mais de trinta edições.


Referências

FAROCO, Carlos Emílio; MOURA, Francisco Marto. Língua e literatura. 16 ed. São Paulo: Ática, 1996. (adaptado)


ATIVIDADES

1. Qual a principal característica que distingue a poesia de Augusto dos Anjos da produção poética de seus contemporâneos, como Olavo Bilac e Alberto de Oliveira?

a) A valorização da forma e da métrica perfeita.
b) O uso de uma linguagem rebuscada e erudita.
c) A idealização da natureza e do amor.
d) A abordagem de temas sombrios e a utilização de um vocabulário científico.

2. Qual a influência da Escola do Recife na obra de Augusto dos Anjos?

a) A influência das ideias naturalistas e deterministas.
b) A busca por uma linguagem mais popular e acessível.
c) A valorização da tradição literária portuguesa.
d) A introdução de temas religiosos e místicos na poesia.

3. Qual o principal tema abordado na poesia de Augusto dos Anjos?

a) O amor romântico e a idealização da mulher.
b) A natureza e a beleza do mundo.
c) A morte, a decomposição e o sofrimento humano.
d) A luta por justiça social e a denúncia das desigualdades.








GABARITO

1: D
2: A
3: C

sábado, 15 de fevereiro de 2025

MONTEIRO LOBATO (1882-1948) ATIVIDADES DE LITERATURA PARA O ENSINO MÉDIO COM GABARITO

 


José Bento Monteiro Lobato nasceu em Taubaté (SP), em 1882. Estudou Direito em São Paulo, ingressando posteriormente no ministério público, exercendo o cargo de promotor numa cidade do Vale do Paraíba. Mais tarde tornou-se fazendeiro, atividade que encerrou ao criar seu personagem mais conhecido, o Jeca Tatu, e dedicar-se exclusivamente às letras, quer como escritor, quer como editor, fundando a Monteiro Lobato & Cia. - primeira editora nacional. Falido, Lobato não desistiu: fundou ainda a Companhia Editora Nacional e a Editora Brasiliense.


Em 1917 tornou-se personagem central de uma polêmica que abriria caminho para o Modernismo. A pintora Anita Malfati, recém-chegada da Europa, onde a arte vivia um intenso processo de renovação, expôs sua obra vanguardista em São Paulo. Lobato reagiu violentamente, através do artigo de jornal intitulado "Paranoia ou mistificação?"

Foi no Rio de Janeiro que começou sua atividade como escritor de histórias infantis e juvenis, sendo até hoje considerado como nosso melhor escritor de literatura infanto-juvenil. Foi nessa atividade que Lobato tornou-se famoso.

Depois de quatro anos como adido comercial nos Estados Unidos (1927-1931), iniciou apaixonada luta pelos interesses nacionais, sobretudo no que diz respeito às nossas reservas naturais, que vinham sendo exploradas por grandes empresas estrangeiras. Em 1936 publicou O escândalo do petróleo, em que denunciava o jogo de interesses econômicos que envolviam autoridades governamentais. Essas denúncias custaram-lhe seis meses de prisão, em 1941, durante a ditadura de Getúlio Vargas. Monteiro Lobato morreu em São Paulo, em 1948.

OBRA

Além da conhecidíssima obra infanto-juvenil, Lobato escreveu três livros de contos: Urupês (1918); Cidades mortas (1919); e Negrinha (1920). Escreveu ainda crônicas, artigos, ensaios. 

Urupês e Cidades mortas são livros de contos que retratam a linguagem e os costumes interioranos, quase sempre com intenção satírica. Em Urupês criou a figura de Jeca Tatu, símbolo de nosso caboclo.

Cidades mortas tem como pano de fundo as decadentes cidades paulistas do Vale do Paraíba durante o declínio da atividade cafeeira. Esse interesse em captar o cenário e o homem regionais revela a persistência do regionalismo em nossa literatura. A denúncia da situação precária do negro e do preconceito racial aparece em Negrinha.

Lobato critica certos hábitos brasileiros: a supervalorização de tudo que era estrangeiro; o nacionalismo cego e a falta de consciência política do povo. Em termos de linguagem, a aspiração maior de Lobato foi aproximar o texto literário da fala coloquial.

Referências

FAROCO, Carlos Emílio; MOURA, Francisco Marto. Língua e literatura. 16 ed. São Paulo: Ática, 1996. (adaptado)


ATIVIDADES


1. Qual a principal característica da obra de Monteiro Lobato, especialmente em seus contos como "Urupês" e "Cidades Mortas"?

a) Idealização da vida rural e do homem do campo.
b) Crítica social e denúncia de problemas como o racismo e o atraso.
c) Romanceamento da história do Brasil, com foco em personagens heroicos.
d) Experimentação com linguagens e formas narrativas inovadoras.

2. Qual o papel do personagem Jeca Tatu na obra de Monteiro Lobato?

a) Representar o brasileiro ideal, forte e trabalhador.
b) Simbolizar a indolência e o atraso do povo brasileiro.
c) Criticar a exploração do homem do campo pelos grandes proprietários de terra.
d) Exaltar os aspectos geográficos brasileiro.

3. Qual o principal objetivo de Monteiro Lobato ao criar a personagem Negrinha?

a) Idealizar a figura do negro como símbolo da resistência.
b) Denunciar o racismo e a desigualdade social no Brasil.
c) Celebrar a cultura afro-brasileira.
d) Criar uma personagem infantil para entreter os leitores mais jovens.









GABARITO

1: B
2: C
3: B


sábado, 8 de fevereiro de 2025

EUCLIDES DA CUNHA (1866-1909) ATIVIDADES DE LITERATURA PARA O ENSINO MÉDIO COM GABARITO




Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em Cantagalo, no estado do Rio de Janeiro, em 1866. Seguiu a carreira de engenheiro militar. Mais tarde, por um incidente, Euclides foi desligado da Escola Militar, para onde seria reconduzido logo após a proclamação da República, em 1890. Em 1896 abandonou definitivamente a farda. Nessa altura, já se sentia muito desiludido com o regime republicano que ajudara a forjar. Foi para São Paulo, de onde sairia no ano seguinte como correspondente do jornal o Estado de S. Paulo, incumbido de fazer a cobertura da Guerra de Canudos. Dessa cobertura jornalística resultou uma obra-prima: Os sertões, publicada em 1902, e marco inicial de nosso Pré-Modernismo.

O sucesso da obra conduziu o escritor à Academia Brasileira de Letras.

Seu último trabalho foi como professor da cadeira de Lógica no Ginásio Nacional do Rio de Janeiro, em 1909. Tinha 43 anos. Não chegou a ministrar mais que dez aulas: por questões de natureza familiar, foi assassinado.

OBRA

Os sertões (1902); Peru versus Bolívia (1907); Contrastes e confrontos (1907); À margem da história (1909).

Sua obra mais importante, Os sertões, rege-se pelo desejo de fazer uma análise científica do fato histórico que relata. Mas o autor acaba extrapolando a Guerra de Canudos e denunciando as condições de vida do nordestino, principalmete daquela camada que ele chama de "sub-raças sertanejas do Brasil". A formação científica de Euclides fornecia ferramentas - nem sempre inquestionáveis, mas as possíveis para a época - para que o escritor procedesse a uma análise profunda do fenômeno do cangaço e do fanatismo. A divisão da obra em três partes - A terra, O homem e A luta - demonstra a preocupação de narrar os fatos de forma científica. Além disso, denuncia uma visão de mundo determinista. Os críticos apontam muitas falhas no aparato científico que serviu de sustentação para a obra de Euclides, mas nenhum discorda do imenso valor literário da obra. O livro situa-se entre a sociologia e a literatura.

Depois de Euclides da Cunha, nenhum estudo sobre nosso sertanejo pôde prescindir de Os sertões como referência obrigatória.



ATIVIDADES

1. Qual das alternativas abaixo melhor descreve a obra "Os Sertões" de Euclides da Cunha?

a) Um romance histórico que idealiza a figura do sertanejo.
b) Um ensaio sociológico e histórico que analisa a Guerra de Canudos.
c) Um manifesto político em defesa do governo republicano.
d) Uma crônica jornalística sobre a vida no sertão nordestino.

2. Qual foi o principal motivo que levou Euclides da Cunha a escrever "Os Sertões"?

a) O desejo de registrar sua experiência como correspondente de guerra.
b) A vontade de defender o governo republicano contra os rebeldes de Canudos.
c) A necessidade de denunciar as injustiças sociais em território nacional.
d) A intenção de criar uma obra de ficção inspirada na Guerra de Canudos.

3. Qual a principal característica da obra "Os Sertões" que a torna um marco da literatura brasileira?

a) A linguagem poética e o uso de metáforas complexas.
b) A defesa de uma visão romântica do sertão brasileiro.
c) A crítica à literatura realista e naturalista.
d) A abordagem científica e a análise detalhada de um fato histórico.







GABARITO

1: B
2: A
3: D



sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

LIMA BARRETO (1881-1922) ATIVIDADES DE LITERATURA PARA O ENSINO MÉDIO COM GABARITO




Afonso Henriques de Lima Barreto
nasceu no Rio de Janeiro em 1881, ano em que Machado de Assis publicava Memórias póstumas de Brás Cubas. Mestiço de origem humilde, tinha sete anos quando foi assinada a Lei Áurea. Na Escola Politécnica, que frequentou durante cinco anos, o adolescente Lima Barreto sentiu na pele a aspereza do preconceito. Ele era um estranho no meio daqueles jovens brancos, endinheirados e elegantes. No jornalismo sua ironia e sarcasmo encontraram um primeiro veículo de expressão. Assim começou a ficar conhecido entre os estudantes.

Os capítulos iniciais de seu romance de estreia, Recordações do escrivão Isaías Caminha, apareceram na revista Floreal, que ele fundara junto com alguns amigos. A revista durou apenas quatro números. Nessa época começou a entregar-se à bebida. Conseguiu publicar em uma editora portuguesa a versão em livro do Recordações..., renunciando a qualquer centavo de direitos autorais. Segundo ele "um livro desigual, propositalmente malfeito, brutal por vezes, sincero sempre". Era o ano de 1909. Poucos jornais noticiaram o aparecimento do romance. No ano seguinte, decepcionado, solicitou nova licença para tratamento de saúde. Já se evidenciavam no organismo do escritor os estragos produzidos pelo álcool.

Em 1910 o Jornal do Comércio começou a publicar, em folhetins, Triste fim de Policarpo Quaresma. Em 1914, começaram as alucinações alcoólicas que obrigaram a família a internar o escritor no hospício da Praia Vermelha. Nova internação ocorreu em 1918, num hospital de onde enviou a Monteiro Lobato - então dono de uma editora - os originais de Vida e morte de M.J. Gonzaga de Sá. Pela primeira vez iria receber direitos autorais, já que tinha vendido havia pouco, para outro editor, os originais de Os bruzundangas.

Candidatou-se três vezes à Academia Brasileira de Letras, mas não foi eleito. Nessa altura, tinha-se acabado a esperança de atingir, em vida, a glória literária. No dia 1º de novembro de 1922 morreu Lima Barreto. Seu pai morreria 48 horas depois.

OBRA

Romances: Recordações do escrivão Isaías Caminha (1909); Triste fim de Policarpo Quaresma (1911) em folhetim e 1915 em livro); Numa e Ninfa (1915); Vida e morte de M.J. Gonzaga de Sá (1919); Clara dos Anjos (1948).

Sátira: Os bruzundangas (1923); Coisas do Reino do Jambom (1953).

Conto: História e sonhos (1920).

Escreveu ainda artigos e crônicas para jornais, estudos literários e dois livros de memórias.

"A glória das letras só as tem quem a elas se dá inteiramente; nelas como no amor, só é amado quem se esquece de si inteiramente e se entrega com fé cega", registraria ele num de seus livros.

A característica mais marcante da literatura de Lima Barreto é a denúncia dos problemas sociais de sua época. Vítima de tantos preconceitos, foi inevitável que traços biográficos do autor se incorporassem nas obras, especiamente em Recordações do escrivão Isaías Caminha, uma pesada caricatura em que o escritor esmiúça os bastidores da imprensa da época. Essa ousadia de Lima Barreto inaugurava a rebeldia em nosso Pré-Moderdismo. Num momento em que o tom geral da literatura era determinado por "sonetos bem rimadinhos, penteadinhos, perfumadinhos, lambidinhos...", como denunciou, Lima fugiu aos padrões da linguagem da época. Em Triste fim de Policarpo Quaresma, inventa o patriota ingênuo que luta até o fim da vida para restabelecer as tradições brasileiras mais legítimas. A personagem-título de Vida e morte de M.J. Gonzaga de Sá traz reflexos autobiográficos e torna-se pretexto para deunciar a estúpida mania de aristocracia, o preconceito racial, a obsessão da elite brasileira em querer "ser doutor", a sabedoria oca e a burocracia.

Como escrever era para ele uma forma de denúncia, sua linguagem tinha de se construir com a clareza da simplicidade, avessa aos adornos que eram moda na época.




ATIVIDADES

1. Qual a principal característica da obra de Lima Barreto?

(a) O romantismo exacerbado e a idealização da realidade.
(b) A denúncia dos problemas sociais e a crítica à sociedade brasileira.
(c) A valorização da estética formal e da linguagem rebuscada.
(d) A fuga da realidade e a construção de mundos fantasiosos.

2. Qual romance de Lima Barreto é considerado uma autobiografia ficcional, onde o autor explora temas como o racismo e a desigualdade social?

(a) Triste fim de Policarpo Quaresma.
(b) Recordações do escrivão Isaías Caminha.
(c) Numa e a Ninfa.
(d) Os bruzundangas.

3. Qual foi a principal dificuldade enfrentada por Lima Barreto em sua vida e obra?

(a) A falta de reconhecimento literário em vida.
(b) A dificuldade em encontrar um editor para suas obras.
(c) A ausência de um estilo próprio e original.
(d) O excesso de crítica por parte da intelectualidade da época.

4. Qual o papel do personagem Policarpo Quaresma na obra de Lima Barreto?

(a) Representar o brasileiro idealizado e patriota.
(b) Ser um símbolo da luta pela igualdade social.
(c) Representar a figura do intelectual alienado da realidade.
(d) Criticar o nacionalismo exacerbado e a idealização do passado.

5. Qual a importância de Lima Barreto para a literatura brasileira?

a) Introduziu o realismo mágico na literatura brasileira.
b) Foi um dos principais representantes do modernismo brasileiro.
c) Foi um precursor do pré-modernismo, denunciando os problemas sociais do Brasil.
d) Consolidou o romantismo no Brasil, com suas obras idealizadas.








GABARITO

1: B
2: B
3: A
4: D
5: C


sábado, 26 de dezembro de 2020

MÁRIO DE ANDRADE (1893-1945)

 



Mário Raul de Morais Andrade nasceu em São Paulo em 9 de outubro de 1893 e faleceu nessa mesma cidade em 25 de fevereiro de 1945. Teve intensa atividade cultural durante toda a vida: foi diretor do Departamento Municipal de Cultura, em São Paulo, e do Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal (então localizado no Rio de Janeiro); organizou o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional; lecionou História da Música no conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Teve participação ativa na Semana de Arte Moderna e passou a exercer uma espécie de "magistério" modernista, correspondendo-se com muitos poetas e escritores durante toda a sua vida.

Além de poeta e ficcionista, foi cronista, crítico literário e pesquisador do folclore, da música e das artes plásticas nacionais. Também trabalhou na redação da revista modernista Klaxon, veículo de divulgação das ideias e trabalhos dos novos escritores após a Semana de Arte Moderna.

Suas principais obras são os livros de poemas Paulicéia desvairada, O losango cáqui, Clã do jabuti, Remate de males, Poesias, Lira paulistana seguida d'O carro da Miséria, Poesias completas; a prosa de ficção de Primeiro andar (contos), Amar, verbo intransitivo (romance), Macunaíma (rapsódia), Os contos de Belazarte e Contos Novos. Sobre crítica literária, Mário publicou A escrava que não é isaura, Aspectos da literatura brasileira e O empalhador de passarinho, entre outros.

A esses títulos se somam muitos outros: crônicas, estudos sobre música e folclore brasileiro, história da arte, além de uma vastíssima correspondência e um livro de poemas "imaturos", Há uma gota de sangue em cada poema.

POESIA

A poesia de Mário de Andrade tem um percurso nítido: caminha da ostensiva e provocadora utilização dos recursos da primeira fase do Modernismo como forma de combater a poesia acadêmica e a visão de mundo conservadora para uma exploração cada vez mais acentuada de ritmos, temas e formas linguísticas retirados da nossa cultura popular e para a denúncia das desigualdades sociais. O uso do verso livre e a influência das Vanguardas Europeias marcaram principalmente a Paulicéia desvairada; nos livros seguintes, Mário procurou uma forma mais pessoal de expressão poética, buscando fixar uma linguagem literária brasileira - baseada na exploração de formas, temas e vocabulário de origem folclórica, popular ou regional - e ao mesmo tempo manifestando sua apreensão pelas questões sociais do país e do mundo.

PROSA DE FICÇÃO

A prosa de ficção de Mário de Andrade incorpora-se ao projeto de criação de uma língua literária nacional e à intensa investigação da realidade e da cultura nacional que o autor empreendeu durante toda a vida. Do experimentalismo de Amar, verbo intransitivo, romance em que se misturam Expressionismo, psicanálise e ostensiva exploração do papel do narrador, Mário passou à rapsódia Macunaíma - o herói sem caráter, por muitos considerada sua obra-prima pelo sucesso que alcançou ao combinar um enredo todo ele traçado a partir de mitos e lendas brasílicos com uma forma de língua literária sugestiva e brasileira. Em Contos Novos, obra da maturidade, ao que parece já mais descompromissado em relação às obrigações que se impusera como uma espécie de mentor intelectual da geração de 22, Mário criou textos muito bem-realizados, que combinam uma linguagem estilisticamente madura com um visão social de cunho marxista e uma análise psicológica bastante presa aos conceitos freudianos.


FONTE:
INFANTE, Ulisses. Curso de literatura de língua portuguesa. São Paulo: Scpione, 2001.