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sábado, 19 de abril de 2025

LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO - GÊNERO CONTO - ENSINO MÉDIO COM GABARITO

 
A História de Uma Hora
Kate Chopin (1894)

Sabendo que Mrs. Mallard sofria de problema cardíaco, um grande cuidado foi tomado para avisá-la da forma mais cautelosa possível sobre a morte de seu marido.

Foi sua irmã Josephine quem lhe contou com frases incompletas; sinais omitidos que iam se revelando aos poucos. Richard, o melhor amigo de seu marido, estava lá também, perto dela. Era ele quem estava na redação do jornal quando a notícia do desastre da estrada de ferro foi recebida, com o nome de Brently Mallard, descrito na lista de “mortos”. Arranjou um tempo para se certificar da fatalidade por um segundo telegrama e se apressou para impedir que um amigo menos cuidadoso, menos carinhoso comunicasse a triste notícia.

Ela não ouviu o relato que outras mulheres ouviram, pois se sentia paralisada, incapaz de aceitar o fato ocorrido. Ela chorou subitamente nos braços de sua irmã em sôfrego abandono. Quando sua dor se esgotou, foi para seu quarto sozinha. Não queria que ninguém a acompanhasse.

Ali permaneceu, olhando pela janela, numa confortável poltrona e nela se afundou com sinal de extrema exaustão que percorria seu corpo e que parecia atingir sua alma.

Ela conseguia perceber na pracinha localizada de frente para sua casa, o topo das árvores que estavam em consonância com a nova vida da primavera. Um hálito delicioso de chuva pairava no ar. Na rua debaixo, um ambulante estava comercializando seus artefatos. As notas longínquas de uma música que alguém cantava, chegaram até ela levemente e incontáveis pardais voavam sobre o telhado.  Havia traços de céu azul que apareciam aqui e ali através de nuvens que se encontravam e se entrelaçavam umas sobre as outras no lado leste,  vindo de encontro à sua janela.

Ela sentou com sua cabeça inclinada na almofada da poltrona, sem emoção, com exceção de quando um soluço correu por sua garganta e a sacudiu, como uma criança que chorou para dormir e que continua soluçando ao adormecer.

Ela era jovem, com um semblante íntegro e calmo, cujas linhas de expressões denotavam repressão e uma certa força. Mas neste momento havia uma névoa em seus olhos. Seu olhar vagava como as nuvens do céu.  Não era um olhar de reflexão, ao contrário indicava a suspensão do pensamento.

Havia algo de que se aproximava e que ela aguardava, temerosamente. O que seria aquilo? Ela não sabia; era muito repentino e elusivo para nomeá-lo. Mas ela o sentia vindo do céu, atingindo-a e estremecendo-a , através dos sons,  odores e cores que planavam  no ar.

Neste momento seu peito se abriu e se sentiu conturbado. Estava começando a reconhecer o que se aproximava para dominá-la, e ela está lutando com todas suas forças tão impotente quanto suas lânguidas mãos. Rendendo-se, um sussurro escapou de seus lábios partidos e delicados. Ela repetia várias e várias vezes: “liberdade, liberdade, liberdade!” Um vago e aterrorizante olhar brotava de seus olhos. Eles permaneceram vivos e brilhantes. Seus pulsos pulsavam atemorizados, seu sangue percorria quente e relaxava todo seu corpo.

Não parava de perguntar a si mesma se não era uma arrebatadora euforia que a invadia. Uma clara e forte percepção a ajudava a desconsiderar aquele fato como comum. Ela sabia que choraria novamente quando olhasse suas mãos gentis e carinhosas definhando-se em morte. Uma face que nunca havia olhado com amor, paralisada, sem cor e morta. Mas ela via naquele amargo momento longos anos que estavam por vir e que pertenceriam a ela de forma absoluta. E então, abriu seus braços e os ergueu em direção a eles em forma de boas-vindas.

Não haveria ninguém por quem viver durante aqueles próximos anos, viveria apenas para si. Não haveria nenhuma vontade poderosa que a fizesse mudar de ideia na sua persistência em pensar que o homem e a mulher acreditam no direito de impor sua vontade um sobre o outro. Uma intenção amigável ou cruel feita de atitude não pareceria menos criminosa do que aquele momento de iluminação em que se encontrava.

E ainda ela o amou algumas vezes. Outras não. O que importaria! O que poderia amar? Um mistério insolúvel, contar com a posse da sua autoconfiança naquele momento, reconhecia como o impulso mais forte de seu ser.

“Livre! Corpo e alma livres.” Continuou sussurrando.

Josephine estava ajoelhada atrás da porta, que estava fechada, com seus lábios na  fechadura implorando para ser ouvida.

“Louise, abra a porta! Implorou: “Abra a porta. Você ficará doente. O que está fazendo Louise? Pelo amor de Deus abra a porta”.

“Vá embora. Não estou ficando doente”. Não; ela estava bebendo o elixir da vida através do ar que vinha pela janela.

Sua imaginação corria em desalinho a respeito daqueles dias que iriam chegar. Dias de primavera, dias de verão e todos os demais que seriam apenas seus. Fez uma pequena prece para que a vida fosse longa. Ainda ontem ela pensava estremecida que a vida  haveria de  ser  longa.

Levantou-se de súbito e abriu a porta para atender aos apelos de sua irmã. Havia um cálido triunfo em seu olhar, caminhou inconscientemente como se fosse a deusa da vitória, agarrou-se à cintura de Josephine e então desceram as escadas. Richard as aguardava no piso debaixo.

Alguém estava abrindo a porta da frente. Era Brent Mallard! Calmo e um tanto sujo pelo trabalho, carregava uma sacola e um guarda- chuva. Ele estava muito longe do lugar onde o acidente havia acontecido e nem mesmo tinha tomado conhecimento dele! Ficou paralisado e atônito com o choro convulsivo de Josephine e com a forte emoção de Richard ao vê-lo de frente à sua esposa.

Quando os médicos chegaram disseram que Louise havia falecido de ataque do coração causado pela forte emoção que a acometera.


Fonte em Inglês: http://www.vcu.edu/engweb/webtexts/hour/

ATIVIDADES

1. Qual das seguintes opções descreve melhor a causa inicial da preocupação com Mrs. Mallard no conto?

(A) Ela sofria de uma doença mental.
(B) Ela estava de luto pela perda de um familiar.
(C) Ela tinha um problema cardíaco.
(D) Ela estava presa em um casamento infeliz.
(E) Ela havia recebido más notícias sobre seus investimentos.

2. Quem deu a notícia da morte de Brently Mallard a Louise?

(A) Seu marido, Brently.
(B) Um amigo do jornal.
(C) O médico da família.
(D) Sua irmã, Josephine.
(E) Um vizinho.

3. Qual a emoção que Louise NÃO sentiu após a notícia da morte de seu marido?

(A) Raiva.
(B) Tristeza.
(C) Alívio.
(D) Liberdade.
(E) Euforia.

4. O que acontece quando Brently Mallard retorna?

(A) Louise o abraça calorosamente.
(B) Louise desmaia de felicidade.
(C) Louise tem um ataque cardíaco e morre.
(D) Louise foge com ele.
(E) Josephine fica com raiva do marido.

5. Qual dos seguintes temas é CENTRAL para o conto?

(A) A importância da família.
(B) Os perigos das notícias falsas.
(C) A alegria do reencontro.
(D) O luto e a perda.
(E) A opressão das mulheres no casamento.







GABARITO
1: C
2: D
3: A
4: C
5: E


sábado, 12 de abril de 2025

LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO - ENSINO MÉDIO - GÊNERO ARTIGO DE OPINIÃO

 ARTIGO DE OPINIÃO: VOVÓ NA JANELA


A VOVÓ NA JANELA

Cada sociedade tem a educação que quer: a nossa é péssima, antes de tudo porque aceitamos passivamente que assim seja, além de não fazermos a nossa parte em casa como pais.


Em uma pesquisa internacional sobre aprendizado de leitura, os resultados da Coreia pareciam errados, pois eram excessivamente elevados.
Despachou-se um emissário para visitar o país e checar a aplicação. Era isso mesmo. Mas, visitando uma escola, ele viu várias mulheres do lado de fora das janelas, espiando para dentro das salas de aula. Eram as avós dos alunos, vigiando os netos, para ver se estavam prestando atenção nas aulas.
A obsessão nacional que leva as avós às janelas é a principal razão para os bons resultados da educação em países com etnias chinesas importantes. A qualidade do ensino é um fator de êxito, mas, antes de tudo, é uma consequência da importância fatal atribuída à educação pelos orientais.
Foi feito um estudo sobre níveis de estresse de alunos, comparando americanos com japoneses. Verificou-se que os americanos com notas muito altas eram mais tensos, pois não são bem vistos pelos colegas de escolas públicas. Já os estressados no Japão eram os estudantes com notas baixas, pela condenação dos pais e da sociedade.
Pesquisadores americanos foram observar o funcionamento das casas de imigrantes orientais. Verificou-se que os pais, ao voltar para casa, passam a comandar as operações escolares. A mesa da sala transforma-se em uma área de estudo, onde todos se sentam, sob seu controle estrito. Os que sabem inglês tentam ajudar os filhos. Os outros – e os analfabetos – apenas vigiam. Os pais não se permitem o luxo de outras atividades e abrem mão da televisão. No Japão, é comum as mães estudarem as matérias dos filhos, para que possam ajudá-lo em suas tarefas de casa.
Fala-se do milagre educacional coreano. Mas fala-se pouco do esforço das famílias. Lá, como no Japão, os cursinhos preparatórios começam quase tão cedo quanto a escola. Os alunos mal saem da aula e têm de mergulhar no cursinho. O que gastam as famílias pagando professores particulares e cursinhos é o mesmo que gasta o governo para operar todo o sistema escolar público.
Os exemplos acima lançam algumas luzes sobre o sucesso dos países do Leste Asiático em matéria de educação. Mostram que tudo começa com o desvelo das famílias e com sua crença inabalável de que a educação é o segredo do sucesso. Países como Coreia, Cingapura e Taiwan não gastam muito mais do que nós em educação. A diferença é o empenho da família, que turbina o esforço dos filhos e força o governo a fazer sua parte.
Curioso notar que os nipo-brasileiros são 0,5% da população de São Paulo. Mas ocupam 15% das vagas da USP. Não obstante, seus antepassados vieram para o Brasil com níveis baixíssimos de educação.
Muitos pais brasileiros de classe média achincalham a nossa educação. Mas seu esforço e sacrifício pessoal tendem a ser ínfimos. Quando deixam de assistir à televisão para assegurar-se de que seus pimpolhos estão estudando? Quantos conversam frequentemente com os filhos? As pesquisas mostram que tais gestos têm um impacto enorme sobre o desempenho dos filhos. Se a família é a primeira linha de educação e apoio à escola, que lições estão os mais educados dando às famílias mais pobres?
O Ministério da Saúde da União Soviética reclamava contra o Ministério da Educação, pois julgava que o excesso de horas de estudo depois da escola e nos fins de semana estava comprometendo a saúde da juventude. Exatamente a mesma queixa foi feita na Suíça.
No Brasil, uma pesquisa recente, em escolas particulares de bom nível, mostrou que os alunos do último ano do Ensino Médio indicaram dedicar uma hora por dia aos estudos – além das aulas. Outra pesquisa indicou que os jovens assistem diariamente a quatro horas de televisão. Esses são os alunos que dizem estar se preparando para vestibulares impossíveis.
Cada sociedade tem a educação que quer. A nossa é péssima, antes de tudo porque aceitamos passivamente que assim seja, além de não fazermos a nossa parte em casa. Não podemos culpar as famílias pobres, mas e a indiferença da classe média? Está em boa hora para um exame de consciência. Estado, escola e professores têm sua dose de culpa. Mas não são os únicos merecendo puxões de orelha.

REFERÊNCIA: CASTRO, Cláudio de Moura. A vovó na janela. In: KÖCHE, V.S; BOFF, O.M.B; MARINELLO, A.F. Leitura e produção textual: gêneros textuais do argumentar e expor. Petropolis, RJ: Vozes, 2010.


ATIVIDADES

1. Segundo o autor, a principal razão para o sucesso da educação em países do leste asiático reside em:

a) O investimento maciço do governo em escolas de alta qualidade.
b) A grande quantidade de cursinhos preparatórios disponíveis para os alunos.
c) A obsessão nacional pela educação e o acompanhamento familiar constante.
d) A qualidade superior dos professores e dos materiais didáticos utilizados.

2. O autor utiliza a comparação entre estudantes americanos e japoneses para ilustrar:

a) A importância da saúde mental dos estudantes de alto rendimento.
b) As diferentes formas como a pressão social e familiar afetam o desempenho escolar.
c) A superioridade do sistema educacional japonês em relação ao americano.
d) A necessidade de reduzir a carga horária de estudos para evitar o estresse.

3. De acordo com o texto, a atitude de muitos pais brasileiros de classe média em relação à educação se caracteriza por:

a) Um grande investimento financeiro em aulas particulares e cursinhos.
b) Uma participação ativa e constante no acompanhamento dos estudos dos filhos.
c) Uma crítica severa ao sistema educacional, mas pouco esforço pessoal dedicado.
d) Uma total confiança na qualidade das escolas particulares e no desempenho dos filhos.

4. A reclamação do Ministério da Saúde da União Soviética e a queixa feita na Suíça em relação ao excesso de horas de estudo visam alertar para:

a) A ineficiência dos métodos de ensino tradicionais.
b) O impacto negativo da sobrecarga de estudos na saúde dos jovens.
c) A necessidade de reformular os currículos escolares.
d) A importância de equilibrar o tempo de estudo com atividades de lazer.

5. A conclusão do autor sobre a qualidade da educação brasileira aponta como causa principal:

a) A falta de recursos financeiros investidos pelo governo nas escolas públicas.
b) A má formação dos professores e a deficiência dos materiais didáticos.
c) A aceitação passiva da situação pela sociedade e a falta de envolvimento familiar.
d) A influência negativa da televisão e de outras atividades de lazer no tempo de estudo dos jovens.









GABARITO
1: C
2: B
3: C
4: B
5: C

sábado, 21 de dezembro de 2024

ATIVIDADES TEXTO LITERÁRIO E TEXTO NÃO LITERÁRIO COM GABARITO


A natureza da linguagem literária

Você já deve ter tido contato com muitos tipos de texto literário: contos, poemas, romances, peças de teatro, novelas, crônicas etc. E também com textos não literários, como notícias, cartas comerciais, receitas culinárias, manuais de instrução. Mas, afinal, o que é um texto literário? O que distingue um texto literário de um texto não literário?

O escrittor gaúcho Moacyr Scliar escreveu, durante anos, no jornal Folha de S. Paulo, crônicas inspiradas nos acontecimentos cotidianos divulgados pelo jornal.

Você vai ler, a seguir, a última crônica que o escritor publicou nesse jornal antes de sua morte. E vai ler também a notícia na qual ele se inspirou para escrever a crônica.

TEXTO I

Cientistas americanos estudam o caso de uma mulher portadora de uma rara condição, em resultado da qual ela não tem medo de nada.

(Folha de S. Paulo, 17/12/2010. Cotidiano)

TEXTO II

Ele não sabia o que esperava quando, levado mais pela curiosidade do que pela paixão, começou a namorar a mulher sem medo. Na verdade havia aí também um elemento interesseiro; tinha um projeto secreto, que era o de escrever um livro chamado "A Vida com a Mulher sem Medo", uma obra que, imaginava, poderia fazer enorme sucesso, trazendo-lhe fama e fortuna.

Mas ele não tinha a menor ideia do que viria a acontecer.

Dominador, o homem queria ser o rei da casa. Suas ordens deveriam ser rigorosamente obedecidas pela mulher. Mas como impor sua vontade? Como muitos ele recorria a ameaças: quero o café servido às nove horas da manhã, senão... E aí vinham as advertências: senão eu grito com você, senão eu bato em você, senão eu deixo você sem comida.

Acontece que a mulher simplesmente não tomava conhecimento disso; ao contrário, ria às gargalhadas. Não temia gritos, não temia tapas, não temia qualquer tipo de castigo. E até dizia, gentil: "Bem que eu queria ficar assustada com suas ameaças, como prova de consideração e de afeto, mas você vê, não consigo".

Aquilo, além de humilhá-lo profundamente, deixava-o completamente perturbado. Meter medo na mulher transformou-se para ele em questão de honra. Tinha de vê-la pálida, trêmula, gritando por socorro.

Como fazê-lo? Pensou muito a respeito e chegou a uma conclusão: para amedrontá-la só barata ou rato. Resolveu optar pela barata, por uma questão de facilidade: perto de onde moravam havia um velho depósito abandonado, cheio de baratas. foi até lá e conseguiu quatro exemplares, que guardou num vidro de boca larga.

Voltou para casa e ficou esperando que a mulher chegasse, quando então soltaria as baratas. Já antegozava a cena: ela sem dúvida subiria numa cadeira, gritando histericamente. E ele enfim se sentiria o vencedor.

Foi neste momento que o rato apareceu. Coisa surpreendente, porque ali não havia ratos, sobretudo um roedor como aquele, enorme, ameaçador; o Rei dos Ratos. Quando a mulher finalmente retornou encontrou-o de pé sobre uma cadeira, agarrado ao vidro com as baratas, gritando histericamente.

Fazendo jus à fama ela não demonstrou o menor temor; ao contrário, ria às gargalhadas. Foi buscar uma vassoura, caçou o rato pela sala, conseguiu encurralá-lo e liquidou-o sem maiores problemas. Feito que ajudou o homem, ainda trêmulo, a descer da cadeira. E aí viu que ele segurava o vidro com as quatro baratas. O que deixou-a assombrada: o que pretendia ele fazer com os pobres insetos? Ou aquilo era um novo tipo de perversão?

Àquela altura ele já nem sabia o que dizer. Confessar que se tratava do derradeiro truque para assustá-la seria um vexame, mesmo porque, como ele agora o constatava, ela não tinha medo de baratas, assim como não tivera medo do rato. O jeito era aceitar a situação. E admitir que viver com uma mulher sem medo era uma coisa no mínimo amedrontadora.

(Moacyr Scliar. Folha de S. Paulo, 17/01/2011)

ATIVIDADES

1. O texto I é parte de uma notícia internacional.

a) Por que esse fato noticiado mereceu destaque no noticiário?

b) A que campo do conhecimento humano esse fato causa interesse?

2. O texto II foi criado pelo escritor Moacyr Scliar a partir da notícia reproduzida no texto I.

a) Qual dos dois textos trata de um fato concreto da realidade?

b) Qual deles cria uma história ficcional a partir de dados da realidade?

3. O texto II, sendo uma crônica, apresenta vários componentes comuns a outros gêneros narrativos, como fatos, personagens, tempo, espaço e narrador. Além disso, apresenta também preocupação quanto ao modo como os fatos são narrados.

a) O que a narrativa revela quanto a características psicológicas do marido ao longo da história?

b) Que dados da história comprovam sua resposta?

4. Observe estes fragmentos do texto:

"Aquilo, além de humilhá-lo profundamente, deixava-o completamente perturbado."

"E ele enfim se sentiria o vencedor."

Com base nesses fragmentos, conclua: como o homem encarava a característica da mulher de não sentir medo?

5. Em sua última tentativa de amedrontar a mulher, o homem pensa em baratas e ratos.

a) Por que ele imaginou que esses seres poderiam amedrontá-la?

b) O que o resultado dessa experiência mostrou quanto a quem tinha medo desses seres?

6. Você observou que os dois textos abordam o mesmo tema. Apesar disso, eles são bastante diferentes. Essas diferenças se devem à finalidade e ao gênero de cada um dos textos, bem como ao público a que cada um deles se destina.

a) Qual é a finalidade principal do texto I, considerando-se que se trata de uma reportagem jornalística?

b) Qual é a finalidade principal do texto II, considerando-se que se trata de uma crônica literária?

7. A fim de sintetizar as diferenças entre os dois textos, compare-os e responda:

a) Qual deles apresenta uma linguagem objetiva, utilitária, voltada para explicar um problema da realidade?

b) Em qual deles a linguagem é propositalmente organizada com o fim de criar expectativa ou envolvimento do leitor?

c) Qual deles tem a finalidade de informar o leitor sobre a realidade?

d) Qual deles tem a finalidade de entreter, divertir ou provocar reflexões no leitor a partir de um tema da realidade?

e) Considerando as reflexões que você fez sobre a linguagem dos textos em estudo, responda: qual deles é um texto literário? Por quê?









GABARITO

1. a) Por ainda não se conhecer alguém que não tivesse algum tipo de medo.
b) Ao campo científico.

2. a) O texto I.
b) O texto II.

3. a) Revela que ele era um homem curioso, dominador, competitivo.
b) O fato de ele se casar com a mulher por curiosidade, e não por amor; pelas tentativas constantes de dominá-la; pela relação competitiva que estabeleceu com a mulher.

4. Encarava como um desafio pessoal, como uma limitação dele, e não como uma característica dela.

5. a) Porque boa parte das pessoas, principalmente mulheres tem medo de baratas e ratos.

b) Os fatos mostraram que ele é quem tinha medo de ratos e baratas, e não ela.

6. a) Informar o leitor sobre um acontecimento raro.

b) Entreter o leitor, diverti-lo, além de provocar algumas reflexões sobre a natureza humana.

7. a) O texto I.
b) O texto II.
c) O texto I.
d) O texto II.
e) O texto II, por ser um texto que recria ficcionalmente a realidade; por ter uma linguagem propositalmente organizada com o fim de criar mais de um sentido; e por entreter e divertir o leitor, além de provocar reflexões sobre a vida e o mundo.




FONTE: CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português linguagens. 1 ano. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.


sábado, 9 de novembro de 2024

LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - LÍNGUA PORTUGUESA - ENSINO MÉDIO

 

HORA DA LEITURA E DA INTERPRETAÇÃO DO TEXTO

Sobre céticos e crédulos

        Um dos desvios de personalidade distintivos de nós, jornalistas, em companhia da aversão atávica a reconhecer os nossos tropeços, é a vocação para desgraçadamente reeditarmos os erros mesmo quando anunciarmos ter aprendido com o vexame mais recente. As lições apregoadas por vezes parecem manifestações protocolares insinceras ou aparentam vigor de faquir. [...]
        O ceticismo deve estar para o jornalismo como a prancha para o surfista - é a base a partir da qual se desenvolve todo o resto. Foi o que faltou na cobertura do episódio em que a brasileira Paula Oliveira deu parte de agressões de militantes nazistoides na Suíça que teriam provocado o aborto das gêmeas que ela dizia esperar.
        O jornalismo brasileiro subscreveu a queixa e estimulou a onda, confundindo o dever de conforntar as alegações com os fatos, para elaborar o noticiário mais escrupulosamente próximo à verdade possível, com a compaixão despertada pelo infortúnio da compatriota.
        No instante em que as provas fragilizaram a história de Paula e sugeriram encenação, o jornalismo voltou a se constranger - e a incorrer em enganos assemelhados, ao assinalar como definitivos indícios que careciam de confirmação. Se é legítimo o sofrimento com os dias trágicos de Paula, ao jornalismo cabe identificar qual foi propriamente a tragédia. Ingenuidade não faz de ninguém necessariamente um ser pior. Mas o jornalismo ingênuo e crédulo informa mal, portanto é mau jornalismo. O amigo cético costuma enfastiar os companheiros. O jornalismo cético semeia confiança. [...]
    O jornalismo é uma disciplina de verificação, já se anotou. Essa característica o distingue de narrativas descompromissadas dos fatos e da checagem de informações. Nos diários impressos - embora se recomende vitaminar o resumo da véspera com mais densidade, contexto, análise, opinião e estilo -, a notícia segue a ser o principal ativo.
      Quanto mais o ceticismo temperar o método de produção da notícia,  mais confiável ele será. E mais indispensável aos cidadãos e aos consumidores será o jornalismo que a veicula.

MAGALHÃES, M. Folha de S. Paulo, 25 fev. 2009.

01. De acordo com o texto, é correto afirmar:

(A) os jornalistas têm facilidade de reconhecer os próprios erros.
(B) os leitores não acreditam mais nos jornalistas.
(C) os jornalistas não conseguem mais influenciar a opinião dos leitores.
(D) os jornalistas não aprendem com os próprios erros.
(E) está havendo uma crise de excesso de ceticismo no meio jornalístico.

02. Na frase "o jornalismo brasileiro subscreveu a queixa", o termo "subscreveu" significa:

(A) copiou.
(B) aceitou como verdade.
(C) produziu.
(D) escamoteou.
(E) desconsiderou.

03. No caso da brasileira Paula, o erro da cobertura jornalística brasileira foi ter agido com:

(A) ceticismo.
(B) aversão.
(C) compaixão.
(D) constrangimento.
(E) densidade, opinião e estilo.

04. Na frase "o amigo cético costuma enfastiar os companheiros", o termo "enfastiar" pode ser substituído, mantendo-se o mesmo sentido, por:

(A) encorajar.
(B) iludir.
(C) abandonar.
(D) valorizar.
(E) irritar.









GABARITO
01: D
02: B
03: C
04: E



Fonte: Material apostilado Superintensivo Positivo.





sábado, 13 de julho de 2024

LEITURA E INTERPRETAÇÃO TEXTUAL - 1º ANO ENSINO MÉDIO - LÍNGUA PORTUGUESA

 
LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

QUESTÃO 01: Compare os dois textos a seguir. 

TEXTO I 

Abertura

Era uma vez um homem que contava histórias,
Falando das maravilhas de um mundo encantado
Que só as crianças podiam ver.
Mas esse homem, que falava às crianças,
Conseguiu descrever tão bem essas maravilhas,
Que fez todas as pessoas acreditarem nelas.
Pelo menos as pessoas que cresceram por fora,
Mas continuaram sendo crianças em seus corações.
Ele aprendeu tudo isso com a natureza,
Em lugares como esse sítio
Onde ele viveu.

[...] Pirlimpimpim. LP Som Livre.Wilson Rocha,1982. Fragmento.

TEXTO II

Lobato

No Sítio do Picapau Amarelo, cenário mágico das histórias de Monteiro Lobato, surgiu à literatura brasileira para crianças. Da legião de pequenos leitores que a partir dos anos 20 devoraram as aventuras da boneca Emília e dos outros personagens do Sítio, nasceram novas gerações de escritores infantis dos pais. 
Embora Lobato tenha ficado conhecido por sua obra literária, não se limitou a ela. Foi um dos homens mais influentes do Brasil na primeira metade do século e encabeçou campanhas importantes, como a do desenvolvimento da produção nacional do petróleo.
Além do promotor público, empresário, jornalista e fazendeiro, foi editor de livros. Em 1918 fundou, em São Paulo, a Monteiro Lobato & Cia, editora que trouxe ao país grandes novidades gráficas e comerciais. Até morrer, em 1948, foi o grande agitador do mercado de livros no Brasil. [...]  

Nova Escola, Ano XIII, nº 100, mar.1997.

Os textos I (poema) e II (ensaio biográfico) têm em comum o fato de

(A) contarem sobre a vida de alguém.
(B) narrarem feitos maravilhosos.
(C) noticiarem um acontecimento.
(D) possuírem a mesma estrutura.
(E) informar sobre ciência

QUESTÃO 02:  Leia o texto abaixo.

Disponível em: <http://migre.me/iodBS>. Acesso em: 18 mar. 2014


Nesse texto, a expressão “vai mais longe” foi utilizada para


(A) apresentar uma definição.

(B) mostrar exagero.

(C) fazer uma crítica.

(D) indicar duplo sentido.

(E) uma brincadeira.


QUESTÃO 03: Leia a tirinha a seguir. 

img006

No 2º quadrinho a expressão “Pensei que só tinha que fazer isso...” refere-se:

(A) Ao fato de sentar-se à mesa.  
(B) Ao fato de pensar.       
(C) À hipótese de receber visita.
(D) Ao fato de dar desculpas.
(E) À ideia de lavar as mãos.

QUESTÃO 04: Leia o texto a seguir.

AI SE EU TE PEGO PEGOU… Há tempos uma canção popular não fazia tanto sucesso como o hit chiclete Ai Se eu te Pego, interpretada pelo paranaense Michel Teló e de autoria de Sharon Acioly e Antonio Dyggs. Não bastasse o sucesso nacional da música, cujo videoclipe já ultrapassou 100 milhões de visualizações no YouTube, agora é a vez do refrão cair na na boca do público estrangeiro. Ai Se eu te Pego ganhou versão em inglês (Of If I Catch You), em polonês (Slodka, que significa “doce”), em italiano, e desbancou artistas como Adele, Rihanna e o grupo Coldplay nas paradas de sucesso internacionais. O hit ganhou até uma paródia em hebraico, além de ter embalado a coreografia de soldados israelenses. De quebra, alunas brasileiras de um curso de fonoaudiologia resolveram converter a música para a língua brasileira de sinais. Revista Língua Portuguesa, ano 7, nº 76, fevereiro de 2012, p . 9 Observe o trecho “O hit ganhou até uma paródia em hebraico, além de ter embalado a coreografia de soldados israelenses.”

O vocábulo em destaque no trecho transmite ideia de 

(A) acréscimo. 
(B) oposição. 
(C) conclusão 
(D) consequência.
(E)  diminuição

QUESTÃO 05: Leia o texto abaixo. 

Caminhos da realeza

A Estrada Real ligava, inicialmente, a antiga Villa Rica, hoje Ouro Preto, ao porto de Paraty, no Rio de Janeiro. Com o tempo, mais dois caminhos foram abertos. O primeiro passou a ligar Ouro Preto à cidade do Rio de Janeiro.
Depois a estrada se estendeu até a atual Diamantina. 
Além de percorrer diversos ecossistemas, como Mata Atlântica e Cerrado, a estrada passa por várias unidades de conservação estaduais e federais.

CHAVES, Lucas; SOARES, Jéssica. Caminhos da Realeza. Revista Manuelzão, Belo Horizonte, n. 46, ano 11, julho de 2008.

Na frase “Depois a estrada se estendeu até a atual Diamantina.”, o termo destacado indica

(A) dúvida.
(B) lugar.
(C) modo.
(D) tempo.
(E) Condição






GABARITO

01: A
02: D
03: E
04: A
05: D