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sábado, 6 de agosto de 2022

QUESTÕES MODERNISMO BRASILEIRO


MODERNISMO BRASILEIRO

QUESTÃO 01: (FUVEST) Leia o texto a seguir.

Ele se aproximou e com voz cantante de nordestino que a emocionou, perguntou-lhe:
- E se me desculpe, senhorinha, posso convidar a passear?
- Sim, respondeu atabalhoadamente com pressa antes que ele mudasse de ideia.
- E, se me permite, qual é mesmo a sua graça?
- Macabéa.
- Maca - o quê?
- Bea, foi ela obrigada a completar.
- Me desculpe mas até parece doença, doença de pele.
- Eu também acho esquisito mas minha mãe botou ele por promessa a Nossa Senhora da Boa Morte se eu vingasse, até um ano de idade eu não era chamada porque não tinha nome, eu preferia continuar a nunca ser chamada em vez de ter um nome que  ninguém tem mas parece que deu certo - parou um instante retomando o fôlego perdido e acrescentou desanimada e com pudor - pois como o senhor vê eu vinguei… pois é…
- Também no sertão da Paraíba promessa é questão de grande dívida de honra.
Eles não sabiam como se passeia. Andaram sob a chuva grossa e pararam diante da vitrine de uma loja de ferragem onde estavam expostos atrás do vidro canos, latas, parafusos grandes e pregos. E Macabéa, com medo que o silêncio já significasse uma ruptura, disse ao recém-namorado:
- Eu gosto tanto de parafuso e prego, e o senhor?
Da segunda vez em que se encontraram caía uma chuva fininha que ensopava os ossos. Sem nem ao menos se darem as mãos caminhavam na chuva que na cara de Macabéa parecia lágrimas escorrendo.


(Clarice Lispector, A hora da estrela.)

Neste excerto, as falas de Olímpico e Macabéa

(A) aproximam-se do cômico, mas, no âmbito do livro, evidenciam a oposição cultural entre a mulher nordestina e o homem do sul do País.
(B) demonstram a incapacidade de expressão verbal das personagens, reflexo da privação econômica de que são vítimas.
(C) beiram às vezes o absurdo, mas, no contexto da obra, adquirem um sentido de humor e sátira social.
(D) registram, com sentimentalismo, o eterno conflito que opõe os princípios antagônicos do Bem e do Mal.
(E) suprimem, por seu caráter ridículo, a percepção do desamparo social e existencial das personagens.

QUESTÃO 02: (PUC-SP) A respeito do conto “São Marcos”, conto que integra a obra Sagarana, de João Guimarães Rosa, é INCORRETO afirmar que

(A) é um conto de linguagem marcadamente sinestésica, isto é, que ativa os órgãos sensoriais como meios de conhecimento da realidade, em suas diferentes situações narrativas.
(B) refere às ações domingueiras do personagem narrador Izé, que se embrenha no mato, carregando uma espingarda a tiracolo como o firme propósito de caçar irerês, narcejas, jaburus e frangos-d’água.
(C) desenvolve um tenebroso caso de ação sobrenatural, por obra de um feiticeiro, que produz cegueira temporária no protagonista e da qual ele se safa por meio de uma reza brava, sesga, milagrosa e proibida.
(D) Vem introduzido por uma epígrafe, extraída da cultura popular, das cantigas do sertão e que condensa e dá, sugestivamente, o tom da narrativa.
(E) caracteriza o espaço dos bambus, lugar onde se encontram gravados os nomes dos reis leoninos e onde se trava floral desafio entre o narrador e Quem será.

QUESTÃO 03: (ITA) O livro de contos Laços de família, de Clarice Lispector; reúne textos que, em geral, apresentam

(A) dramas femininos relacionados ao adultério.
(B) dramas femininos ligados exclusivamente ao problema da solidão.
(C) personagens femininas preocupadas com o amor à família.
(D) personagens femininas lutando por causas sociais.
(E) personagens femininas envolvidas com reflexões pessoais desencadeadas por um fato inusitado.

QUESTÃO 04: (FUVEST) Indique a afirmação correta sobre A hora da estrela, de Clarice Lispector.

(A) A força da temática social, centrada na miséria brasileira, afasta do livro as preocupações com a linguagem, frequentes em outros escritores da mesma geração.
(B) se o discurso do narrador critica principalmente a própria literatura, as falas de Macabéa exprimem sobretudo as críticas da personagem às injustiças sociais.
(C) o narrador retarda bastante o início da narração da história de Macabéa, vinculando esse adiamento a um autoquestionamento radical.
(D) os sofrimentos da migrante nordestina são realçados, no livro, pelo contraste entre suas desventuras na cidade grande e suas lembranças de uma infância pobre, mas vivida no aconchego familiar.
(E) o estilo do livro é caracterizado, principalmente, pela oposição de duas variedades linguísticas: linguagem culta, literária, em contraste com um grande número de expressões regionais nordestinas.

QUESTÃO 05: (UFPA) Perto do coração selvagem, romance de estreia de Clarice Lispector, publicado em 1944, contrasta com o realismo social dos romancistas da geração de 1930, anunciando a oposição da autora por uma ficção

(A) convencional e melodramática.
(B) romântica e regionalista.
(C) política e panfletária.
(D) intimista e experimental.
(E) naturalista e erótica.



GABARITO

01: C
02: B
03: E
04: C
05: D


sábado, 18 de fevereiro de 2012

A Semana de Arte Moderna



Antecedentes da Semana de Arte Moderna

O evento de 22 não surgiu de repente. Foi resultado de todo um clima que já existia. Alguns acontecimentos que antecederam a Semana merecem destaque:

1912: Oswald de Andrade regressa da Europa e dá início à divulgação das Vanguardas Europeias, especialmente das ideias futuristas de Marinetti.

1913: Lasar Segall expõe seus quadros expressionistas.

1915: Funda-se em Portugal, com a participação de Ronald de Carvalho, a revista Orpheu, iniciadora do Modernismo português.

1917: Anita Malfatti, que estudara pintura na Europa e nos Estados Unidos, expõe quadros expressionistas e cubistas, provocando o feroz artigo de Monteiro Lobato, crítico de artes do jornal O Estado de S. Paulo, publicado sob o título "A propósito da exposição Malfatti", no qual investe contra as novas tendências artísticas, demonstrando o seu equívoco, por não ter entendido o sentido renovador das vanguardas europeias. O artigo de Lobato não só resultou na devolução de quadros já adquiridos como provocou uma grande polêmica, que acabou por unir mais os jovens modernistas.

1919: Vitor Brecheret volta ao Brasil e é descoberto por Menotti del Pichia e Oswald de Andrade, que se entusiasma com suas esculturas impregnadas de modernidade.

A explosão de fevereiro

Nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, com a participação de Oswald de Andrade, Menotti del Pichia, Mário de Andrade, Graça Aranha, Guilherme de Almeida, Ronald de Carvalho, Vitor Brecheret, Anita Malfatti, Villa-Lobos, Di Cavalcanti e muitos outros, o Teatro Municipal de São Paulo torna-se o centro de uma verdadeira "amostra" das ideias modernistas: são lidos manifestos e poemas, expõem-se quadros e esculturas, e músicas são executadas, tudo diante de um público que reagiu com vaias e arruaças. Estava "oficialmente" inaugurado o período de destruição e combate dos primeiros modernistas, que investiam, sobretudo, contra os sólidos valores parnasianos. Manuel Bandeira, que não havia comparecido, teve o seu poema "Os sapos" lido por Ronald de Carvalho, o que exemplifica a intenção dos modernistas em ridicularizar o conservadorismo parnasiano.

As correntes modernistas

Depois da união inicial em torno da Semana, os modernistas dividiram-se em grupos e movimentos que refletiam orientações estéticas e ideológicas diversas:

Movimento Pau-Brasil

Lançado em 1924, com a publicação do Manifesto da Poesia Pau-Brasil, faziam parte do movimento Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Raul Bopp, Alcântara Machado e Tarsila do Amaral. Tinha como objetivo a revalorização dos elementos primitivos da nossa cultura, através da crítica ao falso nacionalismo e da valorização de obras que redescobrissem o Brasil, seus costumes, seus habitantes e suas paisagens.

Movimento verde-amarelo

Liderado por Plínio Salgado, Cassiano Ricardo e Menotti del Pichia, e tendo uma postura nacionalista, repudiava tudo que fosse importado e tentava mostrar um Brasil grandioso. Entretanto, acabou por revelar uma visão reacionária, sobretudo através de Plínio Salgado, que viria a ser um dos principais líderes do Integralismo, movimento político brasileiro de extrema-direita baseado nos moldes fascistas.

Movimento antropofágico

Radicalização das ideias do movimento Pau-Brasil, foi lançado em 1928, com a publicação do Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade. Participaram do movimento, além de Oswald, Tarsila do Amaral, Raul Bopp, Alcântara Machado e outros. Esse movimento opunha-se ao conservadorismo do Movimento verde-amarelo (ou Escola da Anta).

Vários foram as revistas de divulgação das ideias desses movimentos:

Revista Klaxon (nome dado à buzina externa dos carros): publicada em 1922, teve nove números, sendo a primeira revista de divulgação de trabalhos e ideias modernistas.

Revista Terra Roxa e Outras Terras: publicada em 1926, com a participação de Mário de Andrade e Oswald de Andrade.

Revista de Antropofagia: publicada em 1928, foi o órgão de divulgação do Movimento Antropofágico.

Além dessas, surge em 1925, em Belo Horizonte, A Revista, com editorial redigido por Carlos Drummond de Andrade. No Rio de Janeiro, não ocorreram na época rupturas acentuadas, e a revista Festa, publicada em 1927, antes de refletir uma visão modernista, expressava a sobrevivência do espiritualismo simbolista. Dela participaram, entre outros, Tasso da Silveira, Cecília Meireles e Jackson de Figueiredo, este último chefe da censura do governo de Artur Bernardes, que governou o país sob estado de sítio.

Fases do modernismo

Por razões didáticas, costuma-se dividir o Modernismo brasileiro em três fases:

Primeira fase (de 1922 a 1930) ou fase histórica: de combate e destruição, quando ocorre a libertação linguística e são afirmados os valores estéticos do movimento.

Segunda fase (de 1930 a 1945) ou fase construtiva: de estabilização das conquistas, de preocupação social e de tendência instrospectiva.

Terceira fase (de 1945 em diante) ou fase de reflexão: de ponderação sobre a linguagem, com o retorno a alguns modelos estilísticos tradicionais, ao que se soma uma temática universalista.

A partir de 1950, surgem novas tendências em poesia, como o Concretismo, o Neo-concretismo, a Poesia-práxis e o Poema-processo.