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sábado, 9 de novembro de 2024

LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - LÍNGUA PORTUGUESA - ENSINO MÉDIO

 

HORA DA LEITURA E DA INTERPRETAÇÃO DO TEXTO

Sobre céticos e crédulos

        Um dos desvios de personalidade distintivos de nós, jornalistas, em companhia da aversão atávica a reconhecer os nossos tropeços, é a vocação para desgraçadamente reeditarmos os erros mesmo quando anunciarmos ter aprendido com o vexame mais recente. As lições apregoadas por vezes parecem manifestações protocolares insinceras ou aparentam vigor de faquir. [...]
        O ceticismo deve estar para o jornalismo como a prancha para o surfista - é a base a partir da qual se desenvolve todo o resto. Foi o que faltou na cobertura do episódio em que a brasileira Paula Oliveira deu parte de agressões de militantes nazistoides na Suíça que teriam provocado o aborto das gêmeas que ela dizia esperar.
        O jornalismo brasileiro subscreveu a queixa e estimulou a onda, confundindo o dever de conforntar as alegações com os fatos, para elaborar o noticiário mais escrupulosamente próximo à verdade possível, com a compaixão despertada pelo infortúnio da compatriota.
        No instante em que as provas fragilizaram a história de Paula e sugeriram encenação, o jornalismo voltou a se constranger - e a incorrer em enganos assemelhados, ao assinalar como definitivos indícios que careciam de confirmação. Se é legítimo o sofrimento com os dias trágicos de Paula, ao jornalismo cabe identificar qual foi propriamente a tragédia. Ingenuidade não faz de ninguém necessariamente um ser pior. Mas o jornalismo ingênuo e crédulo informa mal, portanto é mau jornalismo. O amigo cético costuma enfastiar os companheiros. O jornalismo cético semeia confiança. [...]
    O jornalismo é uma disciplina de verificação, já se anotou. Essa característica o distingue de narrativas descompromissadas dos fatos e da checagem de informações. Nos diários impressos - embora se recomende vitaminar o resumo da véspera com mais densidade, contexto, análise, opinião e estilo -, a notícia segue a ser o principal ativo.
      Quanto mais o ceticismo temperar o método de produção da notícia,  mais confiável ele será. E mais indispensável aos cidadãos e aos consumidores será o jornalismo que a veicula.

MAGALHÃES, M. Folha de S. Paulo, 25 fev. 2009.

01. De acordo com o texto, é correto afirmar:

(A) os jornalistas têm facilidade de reconhecer os próprios erros.
(B) os leitores não acreditam mais nos jornalistas.
(C) os jornalistas não conseguem mais influenciar a opinião dos leitores.
(D) os jornalistas não aprendem com os próprios erros.
(E) está havendo uma crise de excesso de ceticismo no meio jornalístico.

02. Na frase "o jornalismo brasileiro subscreveu a queixa", o termo "subscreveu" significa:

(A) copiou.
(B) aceitou como verdade.
(C) produziu.
(D) escamoteou.
(E) desconsiderou.

03. No caso da brasileira Paula, o erro da cobertura jornalística brasileira foi ter agido com:

(A) ceticismo.
(B) aversão.
(C) compaixão.
(D) constrangimento.
(E) densidade, opinião e estilo.

04. Na frase "o amigo cético costuma enfastiar os companheiros", o termo "enfastiar" pode ser substituído, mantendo-se o mesmo sentido, por:

(A) encorajar.
(B) iludir.
(C) abandonar.
(D) valorizar.
(E) irritar.









GABARITO
01: D
02: B
03: C
04: E



Fonte: Material apostilado Superintensivo Positivo.





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