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sábado, 19 de outubro de 2024

LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO - GÊNERO CRÔNICA

 
GÊNERO CRÔNICA

Trágico acidente de leitura

Tão comodamente que eu estava lendo, como quem viaja num raio de lua, num tapete mágico, num trenó, num sonho. Nem lia: deslizava. Quando de súbito a terrível palavra apareceu, apareceu e ficou, plantada ali diante de mim, focando-me: ABSCÔNDITO. Que momento passei!... O momento de imobilidade e apreensão de quando o fotógrafo se posta atrás da máquina, envolvidos os dois no mesmo pano preto, como um duplo monstro misterioso e corcunda... O terrível silêncio do condenado ante o pelotão de fuzilamento, quando os soldados dormem na pontaria e o capitão vai gritar: Fogo!

Mário Quintana. Nova antologia poética. 5. ed. São Paulo: Globo, 1995.

1. O que o texto considerou um acidente de leitura?

2. Releia o trecho a seguir.

"Tão comodamente que eu estava lendo, como quem viaja num raio de lua, num tapete mágico, num trenó, num sonho. Nem lia: deslizava. "

a) O que o narrador quis dizer nesse trecho?

b) As palavras foram empregadas no sentido literal ou figurado? Justifique sua resposta.

c) Podemos afirmar que o ato de ler dá prazer ao narrador? Como você chegou a essa conclusão?

3. No texto, o que está sendo comparado ao ato de ser fotografado?

4. Quem fala no texto relata o aparecimento da palavra abscôndito no meio de sua leitura. Para você ela é desconhecida? Em caso afirmativo, procure o significado da palavra no dicionário.

5. Por que a palavra abscôndito aparece em letra maiúscula no texto?

6. Localize no texto o emprego de reticências e explique que efeito de sentido elas criam no texto.








GABARITO

1. O fato de alguém ter encontrado uma palavra desconhecida no meio do livro que ele estava lendo.

2. a) Resposta possível: que quis dizer que estava envolvido na leitura, distante da realidade.
b) Em sentido figurado: um exemplo é o emprego da expressão "Nem lia: deslizava", que dá a ideia da suavidade e desenvoltura com que vivia aquele momento.
c) Sim, ele declara que lê comodamente como quem viaja, quem vive um sonho.

3. O fato de um leitor (no caso, o próprio narardor) se ver diante de uma palavra desconhecida e parar estático diante dela, como se fosse ser fotografado por alguém.

4. Resposta pessoal. Abscôndito: invisível, escondido, secreto.

5. Porque, escrita dessa maneira, ela se destaca, salta aos olhos do leitor, assim como aos olhos de quem escreve a crônica.

6. Resposta possível: elas servem para marcar a pausa e indicar a perplexidade do leitor diante da palavra nova. Elas também são usadas para indicar a suspensão da narração, permitindo ao leitor imaginar os sentimentos do narrado.


Fonte: OLIVEIRA, T. et al. Língua Portuguesa: tecendo linguagens.  3. ed. São Paulo: IBEP, 2012.



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