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sábado, 20 de janeiro de 2024

ATIVIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA - REPERTÓRIO POÉTICO - ENSINO MÉDIO - ENEM


QUESTÃO 01: Leia o texto a seguir.

A viagem

Que coisas devo levar
nesta viagem em que partes?
a quem fica
Com que mapas desvendar
um continente
que falta?
Estrangeira do teu corpo
tão comum
quantas línguas aprender
para calar-me?
Também quem fica
procura
um oriente.
Também
a quem fica
cabe uma paisagem nova
e a travessia insone do desconhecido
e a alegria difícil da descoberta.
O que levas do que fica,
o que, do que levas, retiro?

MARQUES, A.M. In: SANT'ANNA, A. (Org.). Rua Aribau. Porto Alegre: Tag, 2018.

A viagem e a ausência remetem a um repertório poético tradicional. No poema, a voz lírica dialoga com essa tradição, repercutindo a

(A) saudade como experiência de apatia.
(B) presença da fragmentação da identidade.
(C) negação do desejo como expressão de culpa.
(D) persistência da memória na valorização do passado.
(E) revelação de rumos projetada pela vivência da solidão.

QUESTÃO 02: Leia o texto a seguir.

Uma ouriça

Se o de longe esboça lhe chegar perto,
se fecha (convexo integral de esfera),
se eriça (bélica e multiespinhenta):
e, esfera e espinho, se ouriça à espera.
Mas não passiva (como ouriço na loca);
nem só defensiva (como se eriça o gato);
sim agressiva (como jamais o ouriço),
do agressivo capaz de bote, de salto
(não do salto para trás, como o gato):
daquele capaz de salto para o assalto.

Se o de longe lhe chega em (de longe)
de esfera aos espinhos, ela se desouriça.
Reconverte: o metal hermético e armado
na carne de antes (côncava e propícia),
a as molas felinas (para o assalto),
nas molas em espiral (para o abraço).

MELO NETO, J.C. A educação pela pedra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.

Com apuro formal, o poema tece um conjunto semântico que metaforiza a atitude feminina de

(A) tenacidade transformada em brandura.
(B) obstinação traduzida em isolamento.
(C) inércia provocada pelo desejo platônico.
(D) irreverência cultivada de forma cautelosa.
(E) desconfiança consumada pela intolerância.

QUESTÃO 03: Leia o texto a seguir.

Blues da piedade

Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem

CAZUZA, Cazuza: o poeta não morreu. Rio de Janeiro: Universal Music, 2000 (fragmento)

Todo gênero apresenta elementos constitutivos que condicionam seu uso em sociedade. A letra de canção identifica-se com o gênero ladainha, essencialmente, pela utilização da sequência textual

(A) expositiva, por discorrer sobre um dado tema.
(B) narrativa, por apresentar uma cadeia de ações.
(C) injuntiva, por chamar o interlocutor à participação.
(D) argumentativa, por incitar o leitor a uma tomada de atitude.
(E) descritiva, por enumerar características de um personagem.

QUESTÃO 04: Leia o texto a seguir.

Essa lua enlutada, esse desassossego
A convulsão de dentro, ilharga
Dentro da solidão, corpo morrendo
Tudo isso te devo. E eram tão vastas
As coisas planejadas. navios,
Muralhas de marfim, palavras largas
Consentimento sempre. E seria dezembro.
Um cavalo de jade sob as águas
Dupla transparência, fio suspenso
Todas essas coisas na ponta dos teus dedos
E tudo se desfez no pórtico do tempo
Em lívido silêncio. Umas manhãs de vidro
Vento, a alma esvaziada, um sol que não vejo

Também isso te devo.

HILST, H. Júbilo, memória, noviciado da paixão. São Paulo: Cia das Letras, 2018.

No poema, o eu lírico faz um inventário de estados passados espelhados no presente. Nesse processo, aflora o

(A) cuidado em apagar da memória os restos do amor.
(B) amadurecimento revestido de ironia e desapego.
(C) mosaico de alegrias formado seletivamente.
(D) desejo reprimido convertido em delírio.
(E) arrependimento dos erros cometidos.

QUESTÃO 05: Leia o texto a seguir.

Toca a sirene na fábrica,
e o apito como um chicote
bate na manhã nascente
e bate na tua cama
no sono da madrugada.
Ternuras da áspera lona
pelo corpo adolescente.
É o trabalho que te chama.
Às pressas tomas o banho,
tomas teu café com pão,
tomas teu lugar no bote
no cais do Capibaribe.
Deixas chorando na esteira
teu filho de mãe solteira.
Levas ao lado a marmita,
contendo a mesma ração
do meio de todo dia,
a carne-seca e o feijão.
De tudo quanto ele pede
dás só bom-dia ao patrão,
e recomeças a luta
na engrenagem da fiação.

MOTA, M. Canto ao meio. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964.

Nesse texto, a mobilização do uso padrão das formas verbais e pronominais

(A) ajuda a localizar o enredo num ambiente estático.
(B) auxilia na caracterização física do personagem principal.
(C) acrescenta informações modificadoras às ações dos personagens.
(D) alterna os tempos da narrativa, fazendo progredir as ideias do texto.
(E) está a serviço do projeto poético, auxiliando na distinção dos referentes.







GABARITO
1 E
2 A
3 C
4 B
5 E





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