QUESTÃO 01: Leia um trecho da canção a seguir:
Cheguei na bera do porto
Onde as ondas se espaia
As garça dá meia-volta
Senta na bera da praia
E o cuitelinho não gosta
Que o botão de rosa caia, ai, ai, ai.
Predomina-se no trecho acima
(A) uma variante da linguagem formal.
(B) uma variante da linguagem informal.
(C) uma variante da linguagem urbana.
(D) uma variante da linguagem dos cariocas.
(E) uma variante da linguagem dos gaúchos.
QUESTÃO 02: (ENEM) Leia o texto a seguir.
O nome do inseto pirilampo (vaga-lume) tem uma interessante certidão de nascimento. De repente, no fim do século XVII, os poetas de Lisboa repararam que não podiam cantar o inseto luminoso, apesar de ele ser um manancial de metáforas, pois possuía um nome “indecoroso” que não podia ser “usado em papéis sérios”: caga-lume. Foi então que o dicionarista Raphael Bluteau inventou a nova palavra, pirilampo, a partir do grego pyr, significado “fogo”, e lampas, “candeia”.
FERREIRA, M.B. Caminhos do português: exposição comemorativa do Ano Europeu das Línguas. Portugal: Biblioteca Nacional, 2001 (adaptado).
O texto descreve a mudança ocorrida na nomeação do inseto, por questões de tabu linguístico. Esse tabu diz respeito à
(A) recuperação histórica do significado.
(B) ampliação do sentido de uma palavra.
(C) produção imprópria de poetas portugueses.
(D) denominação científica com base em termos gregos.
(E) restrição ao uso de um vocabulário pouco aceito socialmente.
QUESTÃO 03: (ENEM) Leia o texto a seguir.
Sítio Gerimum
Este é o meu lugar (...)
Meu Gerimum é com g
Você pode ter estranhado
Gerimum em abundância
Aqui era plantado
E com a letra g
Meu lugar foi registrado.
OLIVEIRA, H.D. Língua Portuguesa, n. 88, fev. 2013 (fragmento)
Nos versos de um menino de 12 anos, o emprego da palavra “Gerimum” grafada com a letra “g” tem por objetivo
(A) valorizar usos informais caracterizadores da norma nacional.
(B) confirmar o uso da norma-padrão em contexto da linguagem poética.
(C) enfatizar um processo recorrente na transformação da língua portuguesa.
(D) registrar a diversidade étnica e linguística presente no território brasileiro.
(E) reafirmar discursivamente a forte relação do falante com seu lugar de origem.
QUESTÃO 04: Leia o texto a seguir.
Até quando?
Não adianta olhar pro céu
Com muita fé e pouca luta
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer
E muita greve, você pode, você deve, pode crer
Não adianta olhar pro chão
Virar a cara pra não ver
Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus
Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer!
GABRIEL, O PENSADOR. Seja você mesmo (mas não seja sempre o mesmo). Rio de Janeiro: Sony Music, 2001 (fragmento)
Percebe-se que o autor do texto optou por algumas escolhas linguísticas. Essas escolhas se deram devido
(A) ao caráter conativo, ou seja, de apelo que se formaliza por meio da linguagem conotativa.
(B) à influência dos meios tecnológicos, sobretudo da internet.
(C) ao uso reiterado de gírias, em consequência da sequência dialógica.
(D) à opção do autor pela linguagem coloquial.
(E) ao estreitamento da linguagem, que se apresenta concisa e enxuta.
QUESTÃO 05: Leia a tirinha a seguir.
VERÍSSIMO, L. F. As cobras em: Se Deus existe que eu seja atingido por um raio. Porto Alegre: L&PM, 1997.
O humor da tira decorre da reação de uma das cobras com relação ao uso de pronome pessoal reto, em vez de pronome oblíquo. De acordo com a norma padrão da língua, esse uso é inadequado, pois
(A) contraria o uso previsto para o registro oral da língua.
(B) contraria a marcação das funções sintáticas de sujeito e objeto.
(C) gera inadequação na concordância com o verbo.
(D) gera ambiguidade na leitura do texto.
(E) apresenta dupla marcação de sujeito.
QUESTÃO 06: Leia a charge a seguir.
No texto acima, percebe-se, quanto ao uso da língua, o uso da
(A) variante padrão da língua.
(B) variante coloquial.
(C) da variante regional.
(D) da variante social.
(E) da variante geográfica.
QUESTÃO 07: (ENEM) Leia os textos a seguir.
TEXTO I
Entrevistadora – eu vou conversar aqui com a professora A. D. … o português então não é uma língua difícil?
Professora – olha se você parte do princípio… que a língua portuguesa não é só regras gramaticais… não se você se apaixona pela língua que você… já domina que você já fala ao chegar na escola se o teu professor cativa você a ler obras da literatura… obras da/ dos meios de comunicação… se você tem acesso a revistas… é… a livros didáticos… a… livros de literatura o mais formal o e/ o difícil é porque a escola transforma como eu já disse as aulas de língua portuguesa em análises gramaticais.
TEXTO II
Entrevistadora – Vou conversar com a professora A. D. O português é uma língua difícil?
Professora – Não, se você parte do princípio que a língua portuguesa não é só regras gramaticais. Ao chegar à escola, o aluno já domina e fala a língua. Se o professor motivá-lo a ler obras literárias, e se tem acesso a revistas, a livros didáticos, você se apaixona pela língua. O que torna difícil é que a escola transforma as aulas de língua portuguesa em análises gramaticais.
MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, 2001 (adaptado).
O Texto I é a transcrição de uma entrevista concedida por uma professora de português a um programa de rádio. O Texto II é a adaptação dessa entrevista para a modalidade escrita. Em comum, esses textos
(A) apresentam ocorrências de hesitações e reformulações.
(B) são modelos de emprego de regras gramaticais.
(C) são exemplos de uso não planejado da língua.
(D) apresentam marcas da linguagem literária.
(E) são amostras do português culto urbano.
QUESTÃO 08: Leia o texto a seguir.
"Todas as variedades linguísticas são estruturadas e correspondem a sistemas e subsistemas adequados às necessidades de seus usuários. Mas o fato de estar a língua fortemente ligada à estrutura social e aos sistemas de valores da sociedade conduz a uma avaliação distinta das características das suas diversas modalidades regionais, sociais e estilísticas. A língua padrão, por exemplo, embora seja uma entre as muitas variedades de um idioma, é sempre a mais prestigiosa, porque atua como modelo, como norma, como ideal linguístico de uma comunidade. Do valor normativo decorre a sua função coercitiva sobre as outras variedades, com o que se torna uma ponderável força contrária à variação."
Celso Cunha. Nova gramática do português contemporâneo. Adaptado.
A partir da leitura do texto, podemos inferir que uma língua é:
(A) conjunto de variedades linguísticas, dentre as quais uma alcança maior valor social e passa a ser considerada exemplar.
(B) sistema que não admite nenhum tipo de variação linguística, sob pena de empobrecimento do léxico.
(C) a modalidade oral alcança maior prestígio social, pois é o resultado das adaptações linguísticas produzidas pelos falantes
(D) A língua padrão deve ser preservada na modalidade oral e escrita, pois toda modificação é prejudicial a um sistema linguístico.
(E) um conjunto de variedade linguísticas, dentre as quais a variante padrão deve ser sempre usada, em qualquer contexto de comunicação.
QUESTÃO 09: O uso do pronome átono no início das frases é destacado por um poeta e por um gramático nos textos abaixo:
TEXTO I
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixe disso camarada
Me dá um cigarro.
(ANDRADE, Oswald de. Paul Brasil)
TEXTO II
“Iniciar a frase com pronome átono só é lícito na conversação familiar, despreocupada, ou na língua escrita quando se deseja reproduzir a fala dos personagens [...]”.
(CEGALLA, Domingos Paschoal).
Comparando a explicação dada pelos autores sobre essa regra, pode-se afirmar que ambos:
(A) relativizam essa regra gramatical.
(B) condenam essa regra gramatical.
(C) acreditam que apenas os esclarecidos sabem essa regra.
(D) criticam a presença de regras na gramática.
(E) afirmam que não há regras para o uso de pronomes.
QUESTÃO 10: Contudo, a divergência está no fato de existirem pessoas que possuem um grau de escolaridade mais elevado e com um poder aquisitivo maior que consideram um determinado modo de falar como o “correto”, não levando em consideração essas variações que ocorrem na língua. Porém, o senso linguístico diz que não há variação superior à outra, e isso acontece pelo “fato de no Brasil o português ser a língua da imensa maioria da população não implica automaticamente que esse português seja um bloco compacto coeso e homogêneo”. (BAGNO, 1999, p. 18)
Sobre o fragmento do texto de Marcos Bagno, podemos inferir, exceto:
(A) A variedade linguística é um importante elemento de inclusão, além de instrumento de afirmação da identidade de alguns grupos sociais.
(B) As variações linguísticas são próprias da língua e estão alicerçadas nas diversas intenções comunicacionais.
(C) A língua deve ser preservada e utilizada como um instrumento de opressão. Quem estudou mais define os padrões linguísticos, analisando assim o que é correto e o que deve ser evitado na língua.
(D) O aprendizado da língua portuguesa não deve estar restrito ao ensino das regras.
(E) Segundo Bagno, não podemos afirmar que exista um tipo de variante que possa ser considerada superior à outra, já que todas possuem funções dentro de um determinado grupo social.
GABARITO:
01: B
02: E
03: E
04: D
05: B
06: A
07: E
08: A
09: A
10: C
Um comentário:
Postar um comentário