QUESTÃO 01: (ENEM). Uma nova preocupação atinge os profissionais que trabalham na prevenção da AIDS no Brasil. Tem-se observado um aumento crescente, principalmente entre os jovens, de novos casos de AIDS, questionando-se, inclusive, se a prevenção vem sendo ou não relaxada. Essa temática vem sendo abordada pela média:
Medicamentos já não fazem efeito em 20% dos infectados pelo vírus HIV
Análises revelam que um quinto das pessoas recém-infectadas não haviam sido submetidas a nenhum tratamento e, mesmo assim, não responderam às duas principais drogas anti-AIDS. Dos pacientes estudados, 50% apresentavam o vírus FB, uma combinação dos dois subtipos mais prevalentes no país, F e B.
(Adaptado do Jornal do Brasil, 02/10/2001)
Dadas as afirmações acima, considerando o enfoque da prevenção, e devido ao aumento de casos da doença em adolescentes, afirma-se que:
I. O sucesso inicial dos coquetéis, anti-HIV talvez tenha levado a população a se descuidar e não utilizar medidas de proteção, pois se criou a ideia de que estes remédios sempre funcionam.
II. Os vários tipos de vírus estão tão resistentes que não há nenhum tipo de tratamento eficaz e nem mesmo qualquer medida de prevenção adequada.
III. Os vírus estão cada vez mais resistentes e, para evitar sua disseminação, os infectados também devem usar camisinhas e não apenas administrar coquetéis.
Está correto o que se afirma em:
(A) I, apenas.
(B) II, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.
QUESTÃO 02: (ENEM) Um jornalista publicou um texto do qual estão transcritos trechos do primeiro e do último parágrafos:
“Mamãezinha, minhas mãozinhas vão crescer de novo?” Jamais esquecerei a cena que vi, na TV francesa, de uma menina da Costa do Marfim falando com a enfermeira que trocava os curativos de seus dois cotos de braços. [...]
Como manter a paz num planeta onde boa parte da humanidade não tem acesso às necessidades básicas mais elementares? [...]
Como reduzir o abismo entre o camponês afegão, a criança faminta do Sudão, o Severino da cesta básica e o corretor de Wall Street? Como explicar ao menino de Bagdá que morre por falta de remédios, bloqueados pelo Ocidente, que o mal se abateu sobre Manhattan? Como dizer aos chechenos que o que aconteceu nos Estados Unidos é um absurdo? Vejam Grozny, a capital da Chechênia, arrasada pelos russos. Alguém se incomodou com os sofrimentos e as milhares de vítimas civis, inocentes, desse massacre? Ou como explicar à menina da Costa do Marfim o sentido da palavra “civilização” quando ela descobrir que suas mãos não crescerão jamais?
(UTZERI, Fritz. Jornal do Brasil, 17/09/2001)
Apresentam-se, abaixo, algumas afirmações também retiradas do mesmo texto. Aquela que explicita uma resposta do autor para as perguntas feitas no trecho citado é:
(A) “tristeza e indignação são grandes porque os atentados ocorreram em Nova Iorque.”
(B) “ao longo da história, o homem civilizado globalizou todas as suas mazelas.”
(C) “a Europa nos explorou vergonhosamente.”
(D) “o neoliberalismo institui o deus mercado que tudo resolve.”
(E) “os negócios das indústrias de armas continuam de vento em popa.”
(UFJF-MG) Leia, com atenção, o texto a seguir, um fragmento do artigo intitulado ‘A alma da fome é política’, do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, publicado no Jornal do Brasil, em setembro de 1993, para responder às questões 03 e 04.
A fome é exclusão. Da terra, da renda, do emprego, do salário, da educação, da economia, da vida e da cidadania. Quando uma pessoa chega a não ter o que comer é porque tudo mais já lhe foi negado. É uma espécie de cerceamento moderno ou de auxílio. A morte em vida. O exílio da Terra. Mas a alma da fome é política.
A fome é a realidade, o efeito e o sintoma. O ponto de partida e de chegada. A síntese, a ponta do novelo a partir da qual tudo se explica e se resolve. Porque não é episódica, nem superficial, revela fundo o quanto uma pessoa está sendo excluída de tudo e com que frieza seu drama é ignorado pelos outros. [...] Mas a fome é também o atestado de miséria absoluta e o grito de alarme que sinaliza o desastre social de um país, que mostra a cara do Brasil.
[...]
É assustador perceber com que naturalidade fomos virando um país de miseráveis, com que tranquilidade fomos produzindo milhões de indigentes. Acabar com essa naturalidade, recuperar o sentido da indignação diante da degradação humana, re-absolutizar a pessoa como centro e eixo da vida e da ação política é essencial para transformar a luta contra a fome e a miséria num imenso processo de reconstrução do Brasil e de nossa própria dignidade. Por isso é que acabar com a fome não é só dar comida, e acabar com a miséria não é só gerar emprego, mas é reconstruir radicalmente toda a sociedade.
QUESTÃO 03: A respeito do texto de Betinho, é possível afirmar que ele:
(A) apresenta um panorama quantitativo da situação da fome no Brasil e os impactos causados pela miséria.
(B) discute as principais estratégias para, dentro dos limites da realidade, terminar com a fome no Brasil.
(C) constrói uma imagem poética dos excluídos, prejudicando, assim, o propósito comunicativo do texto.
(D) caracteriza a fome como um fenômeno natural em um país de desigualdade econômica.
(E) vai além das avaliações técnicas sobre a miséria e sobre a exclusão para defender a necessidade da reconstrução social.
QUESTÃO 04: As principais razões que justificam a indignação do sociólogo, em seu texto, são:
(A) a fome e a indiferença do outro à fome.
(B) a política brasileira e a falta de emprego.
(C) a desigualdade social e o preconceito racial.
(D) a degradação humana e o cerceamento político.
(E) o número de indigentes e a precariedade do sistema da saúde.
QUESTÃO 05: Jean de Léry viveu na França na segunda metade do século XVI, época em que as chamadas guerras de religião opuseram católicos e protestantes. No texto abaixo, ele relata o cerco da cidade de Sancerre por tropas católicas.
[...] desde que os canhões começaram a atirar sobre nós com maior frequência, tornou-se necessário que todos dormissem nas casernas. Eu logo providenciei para mim um leito feito de um lençol atado pelas suas duas pontas e assim fiquei suspenso no ar, à maneira dos selvagens americanos (entre os quais eu estive durante dez meses), o que foi imediatamente imitado por todos os nossos soldados, de tal maneira que a caserna logo ficou cheia deles. Aqueles que dormiram assim puderam confirmar o quanto esta maneira é apropriada tanto para evitar os vermes quanto para manter as roupas limpas [...].
Neste texto, Jean de Léry
(A) despreza a cultura e rejeita o patrimônio dos indígenas americanos.
(B) revela-se constrangido por ter de recorrer a um invento de “selvagens”.
(C) reconhece a superioridade das sociedades indígenas americanas com relação aos europeus.
(D) valoriza o patrimônio cultural dos indígenas americanos, adaptando-o às suas necessidades.
(E) valoriza os costumes dos indígenas americanos porque eles também eram perseguidos pelos católicos.
GABARITO
01: C
02: B
03: E
04: A
05: D