QUESTÃO 01 - (Estabelecer relação causa/consequência entre partes e elementos do texto).
O homem que entrou pelo cano
Abriu a torneira e entrou pelo cano. A princípio incomodava-o a estreiteza do tubo. depois se acostumou. E, com a água, foi seguindo. Andou quilômetros. Aqui e ali ouvia barulhos familiares. Vez ou outra um desvio, era uma seção que terminava em torneira.
Vários dias foi rodando, até que tudo se tornou monótono. O cano por dentro não era interessante. No primeiro desvio, entrou. Vozes de mulher. Uma criança brincava. Ficou na torneira, à espera que abrissem. Então percebeu que as engrenagens giravam e caiu numa pia. À sua volta era um branco imenso, uma água límpida. E a cara da menina aparecia redonda e grande, a olhá-lo interessada. Ela gritou: "Mamãe, tem um homem dentro da pia".
Não obteve resposta. esperou, tudo quieto. a menina se cansou, abriu o tampão e ele desceu pelo esgoto.
BRANDÃO, Ignácio de Loyola. Cadeiras proibidas. São Paulo: Global, 1988, p. 89.
O homem desviou-se de sua trajetória porque
(A) ouviu muitos barulhos familiares.
(B) já estava "viajando" há vários dias.
(C) ficou desinteressado pela "viagem".
(D) percebeu que havia uma torneira.
QUESTÃO 02 - (Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros).
Mente quieta, corpo saudável
A meditação ajuda a controlar a ansiedade e a aliviar a dor? Ao que tudo indica, sim. Nessas duas áreas os cientistas encontraram as maiores evidências da ação terapêutica da meditação, medida em dezenas de pesquisas. Nos últimos 24 anos, só a clínica de redução do estresse da Universidade de Massachusetts monitorou 14 mil portadores de câncer, aids, dor crônica e complicações gástricas. Os técnicos descobriram que, submetidos a sessões de meditação que alteram o foco da sua atenção, os pacientes reduziram o nível de ansiedade e diminuíram ou abandonaram o uso de analgésicos.
Revista Superinteressante, outubro de 2003.
O texto tem por finalidade
(A) criticar.
(B) conscientizar.
(C) denunciar.
(D) informar.
QUESTÃO 03 - (Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto).
Pressa
Só tenho tempo pras manchetes
no metrô
E o que acontece na novela
Alguém me conta no corredor
escolho os filmes que eu não
vejo
no elevador
Pelas estrelas que eu encontro
na crítica do leitor
Eu tenho pressa e tanta coisa me interessa
Mas nada tanto assim
Eu me concentro em apostilas
coisa tão normal
Leio os roteiros de viagem
enquanto rola o comercial
Conheço quase o mundo inteiro
por cartão-postal
Eu sei de quase tudo um pouco
e quase tudo mal
Eu tenho pressa e tanta coisa me interessa
mas nada tanto assim
Bruno & Leoni Fortunato. Greatest Hits' 80. WEA.
Identifica-se termo da linguagem informal em
(A) "Leio os roteiros de viagem enquanto rola o comercial" (v. 14-15)
(B) "Conheço quase o mundo inteiro por cartão-postal" (v. 16-17)
(C) "Eu sei de quase tudo um pouco e quase tudo mal" (v. 18-19)
(D) "Eu tenho pressa e tanta coisa me interessa mas nada tanto assim" (v. 20-21)
QUESTÃO 04 - (estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios etc.).
As enchentes de minha infância
Sim, nossa casa era muito bonita, verde, com uma tamareira junto à varanda, mas eu invejava os que moravam do outro lado da rua, onde as casas dão fundos para o rio. Como a casa dos Martins, como a casa dos Leão, que depois foi dos Medeiros, depois de nossa tia, casa com varanda fresquinha dando para o rio.
Quando começavam as chuvas a gente ia toda manhã lá no quintal deles ver até onde chegara a enchente. As águas barrentas subiam primeiro até a altura da cerca dos fundos, depois às bananeiras, vinham subindo o quintal, entravam pelo porão. Mais de uma vez, no meio da noite, o volume do rio cresceu tanto que a família defronte teve medo.
Então vinham todos dormir em nossa casa. Isso para nós era uma festa, aquela faina de arrumar camas nas salas, aquela intimidade improvisada e alegre. Parecia que as pessoas ficavam todas contentes, riam muito; como se fazia café e se tomava café tarde da noite! E às vezes o rio atravessava a rua, entrava pelo nosso porão, e me lembro que nós, os meninos, torcíamos para ele subir mais e mais. Sim, éramos a favor da enchente, ficávamos tristes de manhãzinha quando, mal saltando da cama, íamos correndo para ver que o rio baixara um palmo - aquilo era uma traição, uma fraqueza do Itapemirim. Às vezes chegava alguém a cavalo, dizia que lá, para cima do Castelo, tinha caído chuva muita, anunciava águas nas cabeceiras, então dormíamos sonhando que a enchente ia outra vez crescer, queríamos sempre que aquela fosse a maior de todas as enchentes.
BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1962, p. 157.
Que função desempenha a expressão destacada no texto "[...] o volume do rio cresceu tanto que a família defronte teve medo". (2º parágrafo)
(A) adição de ideias.
(B) comparação entre dois fatos.
(C) consequência de um fato.
(D) finalidade de um fato enunciado.
QUESTÃO 05 - (Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados).
O que torna o texto engraçado é
(A) a aluna é uma formiga.
(B) a aluna faz uma pechincha.
(C) a professora dá um castigo.
(D) a professora fala "xis" e "cê agá".
QUESTÃO 06 - (Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações).
No terceiro quadrinho, os pontos de exclamação reforçam ideia de
(A) comoção.
(B) contentamento.
(C) desinteresse.
(D) surpresa.
QUESTÃO 07 - (Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expressão).
"Chatear" e "encher"
Um amigo meu me ensina a diferença entre "chatear" e "encher". Chatear é assim: você telefona para um escritório qualquer da cidade.
- Alô! Quer me chamar por favor o Valdemar?
- Aqui não tem nenhum Valdemar.
Daí a alguns minutos você liga de novo:
- O Valdemar, por obséquio.
- Cavalheiro, aqui não trabalha nenhum Valdemar.
- Mas não é do número tal?
- é, mas aqui nunca teve nenhum Valdemar.
Mais cinco minutos, você liga o mesmo número:
- Por favor, o Valdemar chegou?
- Vê se te manca, palhaço. Já não lhe disse que o diabo desse Valdemar nunca trabalhou aqui?
- Mas ele mesmo me disse que trabalhava aí.
- Não chateia.
Daí a dez minutos, liga de novo.
- Escute uma coisa! O Valdemar não deixou pelo menos um recado?
O outro desta vez esquece a presença da datilógrafa e diz coisas impublicáveis.
Até aqui é chatear. Para encher, espere passar mais dez minutos, faça nova ligação:
- Alô! Quem fala? Quem fala aqui é o Valdemar. Alguém telefonou para mim?
CAMPOS, Paulo Mendes. Para gostar de ler. São Paulo: Ática, v. 2, p. 35.
No trecho "Cavalheiro, aqui não trabalha nenhum Valdemar" (linha 7), o emprego do termo destacado sugere que o personagem, no contexto,
(A) revelava impaciência.
(B) era gentil.
(C) era curioso.
(D) desconhecia a outra pessoa.
QUESTÃO 08 - (Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos).
A chuva
A chuva derrubou as pontes. A chuva transbordou os rios. A chuva molhou os transeuntes. A chuva encharcou as praças. A chuva enferrujou as máquinas. A chuva enfureceu as marés. A chuva e seu cheiro de terra. A chuva com sua cabeleira. A chuva embarrancou as pedras. A chuva alagou a favela. A chuva de canivetes. A chuva enxugou a sede. A chuva anoiteceu de tarde. A chuva e seu brilho prateado. A chuva de retas paralelas sobre a terra curva. A chuva destroçou os guarda-chuvas. A chuva durou muitos dias. A chuva apagou o incêndio. A chuva caiu. A chuva derramou-se. A chuva murmurou meu nome. A chuva ligou o parabrisa.
A chuva acendeu os faróis. A chuva tocou a sirene. A chuva com a sua crina. A chuva encheu a piscina. A chuva com as gotas grossas. A chuva de pingos pretos. A chuva açoitando as plantas. A chuva senhora da lama. A chuva sem pena. A chuva apenas. A chuva empenou os móveis. A chuva amarelou os livros. A chuva corroeu as cercas. A chuva e seu baque seco. A chuva e seu ruído de vidro. A chuva inchou o brejo. A chuva pingou pelo teto. A chuva multiplicando insetos.
A chuva sobre os varais. A chuva derrubando raios. A chuva a luz. A chuva molhou os cigarros. A chuva mijou no telhado. A chuva regou o gramado. A chuva arrepiou os porcos. A chuva fez muitas poças. A chuva secou ao sol.
ANTUNES, Arnaldo. As coisas. São Paulo: Iluminuras, 1996.
Todas as frases do texto começam com "a chuva". Esse recurso é utilizado para
(A) provocar a percepção do ritmo e da sonoridade.
(B) provocar uma sensação de relaxamento dos sentidos.
(C) reproduzir exatamente os sons repetitivos da chuva.
(D) sugerir a intensidade e a continuidade da chuva.
QUESTÃO 09 - (Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação na comparação de textos que tratam do mesmo tema em função das condições em que ele foi produzido e daqueles em que será recebido).
Texto I
Sem proteção jovens enfrentam mal e acne, mostra pesquisa
Transtorno presente na vida da grande maioria dos adolescentes e jovens, a acne ainda gera muita confusão entre eles, principalmente no que diz respeito ao melhor modo de se livrar dela. É o que mostra uma pesquisa realizada pelo projeto Companheiros Unidos contra a Acne (Cucas), uma parceria do laboratório Roche e da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Foram entrevistados 9.273 estudantes, entre 11 e 19 anos, em colégios particulares de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraíba, Pará, Paraná, Alagoas, Ceará e Sergipe, dentre os quais 7.623 (82%) disseram ter espinhas. O levantamento evidenciou que 64% desses entrevistados nunca foram ao médico em busca de tratamento para espinhas. "Apesar de não ser uma doença grave, a acne compromete a aparência e pode gerar muitas dificuldades ligadas à autoestima e à sociabilidade", diz o dermatologista Samuel Henrique Mandelbaum, presidente da SBD de São Paulo. Outros 43% dos entrevistados disseram ter comprado produtos para a acne sem consultar o dermatologista - as pomadas, automedicação mais frequente, além de não resolverem o problema, podem agravá-lo, já que possuem componentes oleosos que entopem os poros. [...]
Fernanda Colavitti
Texto II
Perda de tempo
Os métodos mais usados por adolescentes e jovens brasileiros não resolvem os problemas mais sérios de acne.
23% lavam o rosto várias vezes ao dia.
21% usam pomadas e cremes convencionais.
5% fazem limpeza de pele.
3% usam hidratante.
2% evitam simplesmente tocar no local.
2% usam sabonete neutro.
COLAVITTI, Fernanda. Veja. Outubro/2001, p. 138.
Comparando os dois textos, percebe-se que eles são
(A) complementares.
(B) contrários.
(C) divergentes.
(D) semelhantes.
QUESTÃO 10 - (Reconhecer a ideia central do texto).
Homem de Meia-Idade (Lenda chinesa)
Havia outrora um homem de meia-idade que tinha duas esposas. Um dia, indo visitar a mais jovem, esta lhe disse:
- Eu sou moça e você é velho; não gosto de morar com você. Vá habitar com sua esposa mais velha.
Para poder ficar, o homem arrancou da cabeça os cabelos brancos. Mas, quando foi visitar a esposa mais velha, esta lhe disse, por sua vez:
- Eu sou velha e tenho a cabeça branca; arranque, pois, os cabelos pretos que tem.
Então o homem arrancou os cabelos pretos para ficar de cabeça branca. Como repetisse sem tréguas tal procedimento, a cabeça tornou-se-lhe inteiramente calva.
A essa altura, ambas as esposas acharam-no horrível e ambas o abandonaram.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mar de histórias. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1978.
A ideia central do texto é
(A) a impossibilidade de agradar a todos.
(B) o problema da calvície masculina.
(C) a vaidade dos homens.
(D) a insegurança na meia-idade.
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GABARITO:
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Um comentário:
Vocês foram geniais quando pensaram nesse Projeto. Parabéns! Muito, muito tem contribuído
pra que façamos um bom trabalho com nossos alunos, tanto presencial quanto remoto.
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