INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - 9º ANO
LEIA O TEXTO A SEGUIR PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES 01 A 05.
PAZ SOCIAL
Está provado que a violência só gera mais violência. A rua serve para a criança como uma escola preparatória. Do menino marginal esculpe-se o adulto marginal, talhado diariamente por uma sociedade violenta que lhe nega condições básicas de vida.
Por trás de um garoto abandonado existe um adulto abandonado. E o garoto abandonado de hoje é o adulto abandonado de amanhã. É um círculo vicioso, em que todos são, em menor ou maior escala, vítimas. São vítimas de uma sociedade que não consegue garantir um mínimo de paz social.
Paz social significa poder andar na rua sem ser incomodado por pivetes. Isso porque num país civilizado não existe pivete. Existem crianças desenvolvendo suas potencialidades. Paz é não ter medo de sequestradores. É nunca desejar comprar uma arma para se defender ou querer se refugiar em Miami. É não considerar normal a ideia de que o extermínio de crianças ou adultos garanta a segurança.
Entender a infância marginal significa entender por que um menino vai para a rua e não à escola. Essa é, em essência, a diferença entre o garoto que está dentro do carro, de vidros fechados, e aquele que se aproxima do carro para vender chiclete ou pedir esmola. E essa é a diferença entre um país desenvolvido e um país de Terceiro Mundo.
É também entender a História do Brasil, marcada por um descaso das elites em relação aos menos privilegiados. Esse descaso é simbolizado por uma frase que fez muito sucesso na política brasileira: caso social é caso de polícia.
A frase surgiu como uma justificativa para o tratamento dado ao trabalhador no começo do século. Em outras palavras, é a mesma postura que as pessoas assumem hoje em relação à infância carente e aos meninos de rua.
Gilberto Dimenstein. O cidadão de papel: a infância, a adolescência e os direitos humanos no Brasil. 16. ed. São Paulo: Ática, 1993. In: OLIVEIRA, Tania Amaral et al. Língua Portuguesa: tecendo linguagens. 3. ed. São Paulo: IBEP, 2012.
QUESTÃO 01: Quanto ao gênero do texto, trata-se de
(A) uma reportagem jornalística, pois o assunto é baseado no testemunho de pessoas que vivenciaram um determinado problema social.
(B) uma crônica narrativa, porque apresenta elementos da narração em sua estrutura e aborda uma situação cotidiana sob uma ótica individual.
(C) um artigo de opinião, pois é um tipo de texto dissertativo-argumentativo onde o autor apresenta seu ponto de vista sobre um determinado tema.
(D) uma notícia, pois teve como objetivo informar fatos do dia a dia relevantes para a sociedade.
QUESTÃO 02: Qual é a ideia central do texto?
(A) Os políticos e a sociedade em geral não se preocupam com as crianças abandonadas nas ruas.
(B) Crianças abandonadas e adultos marginais são vítimas de uma sociedade que não consegue garantir a paz social.
(C) A paz social significa poder andar na rua sem ser incomodado por pivetes e adultos marginais.
(D) O problema da violência no Brasil é um problema social, pois o descaso com as crianças carentes gera adultos marginais.
QUESTÃO 03: Segundo o autor do texto, “a violência só gera mais violência”, um argumento que apoia essa afirmação é
(A) “Entender a infância marginal significa entender por que um menino vai para a rua e não à escola.”
(B) “A rua serve para o menino abandonado como preparação para o adulto marginal [...]”.
(C) “Paz é não ter medo de sequestradores. É nunca desejar comprar uma arma para se defender [...]”.
(D) “Paz é não considerar normal a ideia de que o extermínio de crianças ou adultos garanta a segurança”.
QUESTÃO 04: Segundo o autor do texto, a paz em uma sociedade só poderá ser garantida quando
(A) as crianças tiverem possibilidade de desenvolver suas potencialidades e, assim, tornarem-se adultos participantes da sociedade.
(B) os adultos se preocuparem mais com as crianças abandonadas nas ruas, ajudando-as com alimentação, vestuários e um abrigo seguro.
(C) os adultos e adolescentes marginais forem presos e pagarem por seus crimes cometidos contra toda sociedade de bem.
(D) as crianças e adolescentes não forem mais influenciados pelos adultos que vivem marginalizados nas ruas.
QUESTÃO 05: Por que, segundo o texto, tanto adultos quanto menores abandonados são vítimas da sociedade?
(A) Porque os políticos de nosso país não fazem investimentos financeiros necessários nos principais setores da sociedade: educação e saúde.
(B) Pelo fato de a sociedade fazer discriminação das crianças e adultos que pedem esmolas ou que vendem chicletes nas ruas.
(C) Porque as pessoas não conhecem a verdadeira história do Brasil, marcada por um descaso das elites em relação aos menos privilegiados.
(D) Porque a sociedade não consegue garantir o mínimo de paz social, para que todos tenham oportunidade de viver de maneira mais digna.
LEIA O TEXTO A SEGUIR PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES 06 A 10.
O MAPA DA VIOLÊNCIA NO PAÍS
O quadro da violência no Brasil está mudando. Antes concentrada nas áreas mais pobres das regiões metropolitanas do sudeste, agora está se expandindo para as regiões mais pobres - especialmente para o interior e para a periferia - das capitais do Nordeste. Esta é a região onde os índices mais cresceram - entre 1998 e 2008, os homicídios aumentaram 65%; os suicídios, 80%; e os acidentes de trânsito, 37%.
No caso específico da violência criminal, enquanto São Paulo e Rio de Janeiro registraram queda acentuada do número de homicídios, entre 1998 e 2008, em alguns Estados nordestinos a situação se tornou crítica. No Maranhão, os assassinatos cresceram 297% e na Bahia, 237,5%. Em Alagoas, que em 2008 ocupava o 1º lugar no ranking de homicídios, os novos bairros da região metropolitana de Maceió ganharam o nome de Iraque e Vietnã, sendo tratados pelas autoridades locais como verdadeiros campos de batalha. para a organização Mundial da Saúde, taxas superiores a 10 homicídios por 100 mil habitantes configuram “violência epidêmica”. Em Alagoas, o índice foi de 60,3 assassinatos por 100 mil habitantes, em 2008.
Segundo o coordenador do trabalho, Julio Jacobo Waiselfisz, a tendência de desconcentração da violência decorre de dois fatores: a multiplicação dos polos de crescimento econômico, por um lado, e as deficiências estruturais do poder público, por outro. “Os polos emergem com força e peso econômico, mas quase não têm a presença do estado em serviços de segurança pública, que continuam praticamente à míngua. Em determinado momento, capitais e áreas metropolitanas começam a receber investimentos para melhoria do aparato de repressão e mais eficiência policial. Mas as áreas do interior, antes consideradas calmas, ficam desprotegidas”, diz ele.
Além da desconcentração da violência, o estudo mostra uma tendência de crescimento dos índices de homicídio entre a população jovem. Segundo o IBGE, em 2008 o Brasil tinha um contingente de 34,6 milhões de habitantes com idade entre 5 e 24 anos - o equivalente a 18,3% de toda a população brasileira. Entre 1988 e 2008, quase 40% das mortes de pessoas dessa faixa etária foram causadas por assassinatos. Nas demais faixas etárias, os assassinatos representaram somente 1,8% do total de óbitos.
A expansão da chamada "vitimização juvenil” decorre de várias causas. No interior do Nordeste, por exemplo, vaqueiros e agricultores trocaram o cavalo pela moto - o que, conjugado com o abuso de álcool, resultou numa significativa elevação do número de mortos em acidentes de trânsito. No caso dos homicídios, as vítimas são, em grande maioria, negras. No estado da Paraíba, por exemplo, o número de negros assassinados foi 12 vezes maior, proporcionalmente, que o de vitimas brancas, entre 2002 e 2008.
Segundo o Mapa da Violência de 2011, o número de jovens brancos que foram vítimas de homicídios caiu 30% nesse período. Já entre os negros houve um aumento de 13%, no mesmo período. Isso decorre, basicamente, da má distribuição de renda, das diferenças de escolaridade e das desigualdades de oportunidades entre brancos e negros. Por serem mais afetados pela pobreza, pelo analfabetismo e pela falta de opções profissionais, muitos jovens negros se envolvem com o tráfico e passam a roubar para comprar crack - e isso os leva a se envolverem nas guerras entre quadrilhas e a se tornar alvos de justiceiros, milícias e esquadrões de extermínio.
Exibindo as históricas disparidades sociais e regionais do País, o mapa da Violência de 2011 não traz maiores novidades. Não obstante, é um instrumento importante para a formulação de políticas que combinem programas sociais, melhoria de serviços públicos para os setores carentes e estratégias mais eficientes de combate à criminalidade.
O Estado de S. Paulo, 28 de fev. 2011. In: OLIVEIRA, Tania Amaral et al. Língua Portuguesa: tecendo linguagens. 3. ed. São Paulo: IBEP, 2012.
QUESTÃO 06: De acordo com o texto lido
(A) o Brasil tem se tornado um dos países mais violentos da América Latina.
(B) a violência está se expandindo para as regiões mais pobres das capitais do Nordeste.
(C) a violência no Brasil tem sido alvo de diversas pesquisas em âmbito internacional.
(D) a violência tem aumentado cada vez mais nas regiões Sudeste e Nordeste do país.
QUESTÃO 07: De acordo com o primeiro parágrafo, o que foi classificado como violência para a análise do quadro?
(A) Homicídios, suicídios e acidentes de trânsito.
(B) Violência doméstica e homicídios.
(C) Violência criminal e acidentes de trânsito.
(D) suicídios, acidentes de trânsito e violência doméstica.
QUESTÃO 08: No último parágrafo, o adjetivo que enfatiza a ideia de que o Mapa da Violência de 2011 não traz maiores novidades é
(A) carentes.
(B) eficientes.
(C) maiores.
(D) históricas.
QUESTÃO 09: Os dados estatísticos apresentados no texto são importantes porque
(A) apontam os números oficiais quanto ao alto índice de violência em todo o país.
(B) mostram aos leitores os lugares mais violentos da região Sudeste.
(C) comprovam os fatos apresentados, servindo de argumento para sustentar a tese do autor.
(D) comprovam que a violência doméstica tem aumentado na região Nordeste.
QUESTÃO 10: De acordo com o texto, a pesquisa intitulada “Mapa da Violência de 2011” é importante porque
(A) aponta que a criminalidade tem aumentado cada vez mais nas grandes capitais do país.
(B) denuncia o descaso das autoridades políticas quanto à segurança pública em todo país.
(C) revela o quanto o nosso país é violento, comparado a outras nações vizinhas.
(D) contribui para a formação de políticas e estratégias de combate à criminalidade.
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