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sábado, 18 de janeiro de 2025

CRÔNICA A MINHA GLÓRIA LITERÁRIA DE RUBEM BRAGA - ATIVIDADES COM GABARITO


O escritor Rubem Braga relata nessa crônica experiências de colégio ao fazer redações para a disciplina de Português.

"Quando a alma vibra, atormentada..."

Tremi de emoção ao ver essas palavras impressas. E lá estava o meu nome, que pela primeira vez eu vi em letra de forma. O jornal era O Itapemirim, órgão oficial do "Grêmio Domingos Martins", dos alunos do Colégio Pedro Palácios, de Cachoeiro do Itapemirim, Estado do Espírito Santo.

O professor de Português passara uma composição: "A lágrima".  Não tive dúvidas: peguei a pena e me pus a dizer coisas sublimes. Ganhei 10, e ainda por cima a composição foi publicada no jornalzinho do colégio. Não era para menos:

"Quando a alma vibra, atormentada, às pulsações de um coração amargurado pelo peso da desgraça, este, numa explosão irremediável, num desabafo sincero de infortúnios, angústias e mágoas indefiníveis, externa-se, oprimido, por uma gota de água ardente como o desejo e consoladora como a esperança; e esta pérola de amargura arrebatada pela dor ao oceano tumultuoso da alma dilacerada é a própria essência do sofrimento: é a lágrima".

É claro que eu não parava aí. Depois outras belezas, eu chamo a lágrima de "traidora inconsciente dos segredos d'alma", descubro que ela "amolece os corações mais duros" e também (o que é mais estranho) "endurece os corações mais moles". E acabo com certo exagero dizendo que ela foi "sempre, através da História, a realizadora dos maiores empreendimentos, a salvadora miraculosa de cidades e nações, talismã encantado de vingança e crime, de brandura e perdão."

Sim, eu era um pouco exagerado; hoje não me arriscaria a afirmar tantas coisas. Mas o importante é que minha composição abafara e tanto que não faltou um colega despeitado que pusesse em dúvida a sua autoria: eu devia ter copiado aquilo de algum almanaque.

A suspeita tinha seus motivos: tímido e mal falante, meio emburrado na conversa, eu não parecia capaz de tamanha eloquência. O fato é que a suspeita não me feriu, antes me orgulhou; e a recebi com desdém, sem querer desmentir a acusação. Veriam, eu sabia escrever coisas loucas: dispunha secretamente de um imenso estoque de "corações amargurados", "pérolas de amargura" e "talismã encantados", para embasbacar os incréus; veriam...

Uma semana depois o professor mandou que nós todos escrevêssemos sobre a Bandeira Nacional. Foi então que - dá-lhe, Braga! - meti uma bossa que deixou todos maravilhados. Minha composição tinha poucas linhas, mas era nada menos que uma paráfrase do Padre-nosso, que começava assim: "Bandeira nossa, que estais no céu...".

Não me lembro do resto, mas era divino. Ganhei novamente 10, o professor fez questão de ler, ele mesmo, a minha obrinha para a classe estupefata. Essa composição não foi publicada porque O Itapemerim deixara de sair, mas duas meninas - glória suave - tiraram cópias porque acharam uma beleza.

Foi logo depois das férias de junho que o professor passou nova composição: "Amanhecer na fazenda". Ora, eu tinha passado uns quinze dias na Boa Esperança, fazenda de meu tio Cristóvão, e estava muito bem informado sobre os amanheceres da mesma. Peguei da pena e fui contando com a maior facilidade. Passarinhos, galinhas, patos, uma negra jogando milho para as galinhas e os patos, um menino tirando leite da vaca, vaca mugindo... e no fim achei que ficava bonito, para fazer pendant com essa vaca mugindo (assim como "consoladora com a esperança" combinara com "ardente como o desejo"), um "burro zurrando". Depois fiz parágrafo, e repeti o mesmo zurro com um advérbio de modo, para fecho de ouro:

"Um burro zurrando escandalosamente".

Foi minha desgraça. O professor disse que daquela vez o senhor Braga o havia decepcionado, não tinha levado a sério seu dever e não merecia uma nota maior do que 5; e para mostrar como era ruim minha composição leu aquele final; "Um burro zurrando escandalosamente".

Foi uma gargalhada geral dos alunos, uma gargalhada que era uma grande vaia cruel. Sorri amarelo. Minha glória literária fora por água abaixo.

(Rubem Braga)


ATIVIDADES

1. Qual a principal emoção que o autor expressa ao relembrar sua primeira publicação no jornal do colégio?

a) Arrependimento por ter utilizado expressões exageradas.
b) Orgulho pela sua capacidade de escrever e pela repercussão de seu texto.
c) Vergonha por ter plagiado um texto de um almanaque.
d) Tristeza por não ter continuado escrevendo após esse sucesso inicial.

2. Qual característica da escrita do jovem Rubem Braga é evidenciada na crônica?

a) A preferência por temas complexos e filosóficos.
b) O uso de uma linguagem rebuscada e formal.
c) A tendência a exagerar e a utilizar adjetivos grandiosos.
d) A objetividade e a concisão na expressão das ideias.








GABARITO

1: B
2: C


sábado, 11 de janeiro de 2025

CRÔNICA OS TATUADORES - AUTORIA JOÃO DO RIO - ATIVIDADES DE LITERATURA PARA O ENSINO MÉDIO COM GABARITO



O livro A alma encantadora das ruas reúne crônicas de João do Rio, pseudônimo de um jornalista do início do século XX. Publicadas em jornais e revistas da época, essas crônicas revelam aspectos curiosos da cidade do Rio de Janeiro, então capital federal. Vamos ler um trecho de uma delas.





OS TATUADORES
João do Rio

- Quer marcar?
Era um petiz de doze anos talvez. A roupa em frangalhos, os pés nus, as mãos pouco limpas e um certo ar de dignidade na pergunta. O interlocutor, um rapazola loiro, com uma doirada carne de adolescente, sentado a uma porta, indagou:
- Por quanto?
- É conforme - continuou o petiz. - É inicial ou coroa?
- É um coração!
- Com nome dentro?
O rapaz hesitou. Depois:
- Sim, com nome: Maria Josefina.
- Fica tudo por uns seis mil-réis.
Houve um momento em que se discutiu o preço, e o petiz estava inflexível, quando vindo do quiosque da esquina um outro se acercou:
- Ó moço, faço eu; não escute embromações!
- Pagarás o que quiser, moço.
O rapazola sorria. Afinal resignou-se, arregaçou a manga da camisa de meia, pondo em relevo a musculatura do braço. O petiz tirou do bolso três agulhas amarradas, um pé de cálix com fuligem e começou o trabalho. Era na rua Clapp, perto do cais, no século XX... A tatuagem! Será então verdade a frase de Gautier: "O mais bruto do homem sente que o ornamento traça uma linha indelével de separação entre ele e o animal, e quando não pode enfeitar as próprias roupas recama a pele"?

A palavra tatuagem é relativamente recente. Toda a gente sabe que foi o navegador Cook que a introduziu no Ocidente, e esse escrevia tattou, termo da Polinésia de Tatou ou tu tahou, "desenho". Muitos dizem mesmo que a palavra surgiu no ruído perceptível da agulha na pele: tac, tac. Mas como ela é antiga! O primeiro homem, decerto, ao perceber o pelo, descobriu a tatuagem. [...]
Os tatuadores têm várias maneiras de tatuar: por picadas, por incisão, por queimadura subepidérmica. As conhecidas entre nós são as incisivas, nos negros que trouxeram a tradição da África e, principalmente, as por picadas que se fazem com três agulhas amarradas e embebidas em graxa, tinta, anil ou fuligem, pólvora, acompanhando o desenho prévio. O marcador trabalha como as senhoras bordam.
Lombroso diz que a religião, a imitação, o ócio, a vontade, o espírito de corpo ou de seita, as paixões nobres, as paixões eróticas e o atavismo são as causas matenedoras dessa usança. Há uma outra - a sugestão do ambiente. Hoje toda a classe baixa da cidade é tatuada - tatuam-se marinheiros, em alguns corpos há o romance imageográfico de inversões dramáticas; tatuam-se soldados, vagabundos, criminosos, barregãs, mas também portugueses chegados da aldeia com a pele sem mancha, que a influência do meio obriga a incrustar no braço coroas de seu país.
Andei com Madruga três longos meses pelos mais primitivos, entre os atrasados morais, e nesses atrasados a camada que trabalha braçalmente, os carroceiros, os carregadores, os filhos dos carroceiros, deixaram-se tatuar porque era bonito, e são no fundo incapazes de ir parar na cadeia por qualquer crime. A outra, a perdida, a maior, o oceano da malandragem e da prostituição é que me proporcionou o ensejo de estudar ao ar livre o que se pode estudar na abafada atmosfera das prisões. A tatuagem tem nesse meio a significação do amor, do desprezo, do amuleto, da posse, do preservativo, das ideias patrióticas do indíviduo, da sua qualidade primordial.
Quase todos os rufiões e os rufistas do Rio têm na mão direita, entre o polegar e o indicador, cinco sinais que significam as chagas. Não há nenhum que não acredite derrubar o adversário dando-lhe uma bofetada com a mão assim marcada. O marinheiro Joaquim tem um Senhor crucificado no peito e uma cruz negra nas costas. Mandou fazer esse símbolo por esperteza. Quando sofre castigos, os guardiões sentem-se apavorados e sem coragem de sová-los.
- Parece que estão dando em Jesus!
A sereia dá lábia, a cobra atração, o peixe significa ligeireza n'água, a âncora e a estrela o homem do mar, as armas da República ou da Monarquia a sua compreensão política. Pelo número de coroas da Monarquia que eu vi, quase todo pessoal é monarquista.
Os lugares preferidos são as costas, as pernas, as coxas, os braços, as mãos. Nos braços estão em geral os nomes das amantes, frases inteiras, como exemplo esta frase de um soldado de um regimento de cavalaria: "Viva o Marechal de Ferro", desenhos sensuais, corações. O tronco é guardado para as coisas importantes, de saudade, de luxúria ou de religião. Hei de lembrar sempre o Madruga tatuando um funileiro, desejoso de lhe deixar uma estrela no peito.
- No peito, não! - cuspiu o mulato - no peito eu quero Nossa Senhora!
A sociedade, obedecendo à corrente das modernas ideias criminalistas, olha com desconfiança a tauagem. O curioso é que - e esses estranhos problemas de psicologia talvez não sejam nunca explicados - o curioso é que os que se deixam tatuar por não terem mais que fazer, em geral, o elemento puro das aldeias portuguesas, o único quase incontável da baixa classe do Rio, mostram sem o menor receio os braços enquanto os criminosos, os assassinos, os que já deixaram a ficha no gabinete de antropometria, fazem o possível para ocultá-los e escondem os desenhos do corpo como crime. Por que? Receio de que sejam os sinais por onde se faça o seu reconhecimento? Isso com os da polícia talvez. Mas mesmo com pessoas cujos intentos conhecem, o receio persiste, porque decerto eles consideram aquilo a marca de fogo da sociedade, de cuja tentação foram incapazes de fugir, levados pela inexorável fatalidade.
Há tatuagens religiosas, de amor, de nome, de vingança, de desprezo, de profissão, de beleza, de raça, e tatuagens obscenas.
A vida no seu feroz egoísmo é o que mais nitidamente ideografa a tatuagem.
As meretrizes e os criminosos nesse meio de becos e de facadas têm indeléveis ideias de perversidade e de amor. Um corpo desses, nu, é um estudo social. As mulheres mandam marcar corações com o nome dos amantes, brigam, desmancham a tatuagem pelo processo do Madruga, e marcam o mesmo nome no pé, no calcanhar.
- Olha, não venhas com presepadas, meu macacuano. Tenho-te aqui, desgraça!
- E mostram ao malandro, batendo com o chinelo, o seu nome odiado.
É a maior das ofensas: seu nome no calcanhar, roçando a poeira, amassado por todo o peso da mulher... [...]

RIO, João. A alma encantada das ruas. Org. de Raul Antelo. São Paulo, Companhia das Letras, 1997. p. 100-111.

Vocabulário
petiz: criança, garoto.
indelével: indestrutível; que não se pode apagar.
recamar: cobrir, revestir, adornar, enfeitar.
atavismo: reaparecimento, em um descendente, de um caráter não presente em seus ascendentes imediatos, mas sim em remotos.
barregã: concubina, mulher que vive amasiada com um homem.
rufião: indivíduo que se mete em brigas por causa de mulheres de má reputação; indivíduo brigão.
rufista: brigão.
antropometria: processo ou técnica de mensuração do corpo humano ou de suas várias partes.
presepada: farsa.
macacuano: natural de Cachoeira de Macacu (RJ).

 

ATIVIDADES

01: Em "Os Tatuadores", João do Rio apresenta a tatuagem como um fenômeno social complexo, carregado de significados e simbolismos. Analise como a prática da tatuagem, descrita pelo autor, reflete a identidade, os valores e as experiências de diferentes grupos sociais da época. Explore os significados atribuídos às tatuagens por marinheiros, criminosos, prostitutas e pessoas comuns, e como esses significados se relacionam com seus contextos sociais e históricos.

02: João do Rio, como cronista, adota um olhar particular sobre a realidade social que retrata. Analise como o autor, através de sua descrição da prática da tatuagem, constrói uma imagem da marginalidade e da criminalidade no Rio de Janeiro da época. Discuta o papel da linguagem e das descrições sensoriais na construção dessa imagem, e como o olhar do cronista se posiciona em relação aos personagens retratados.

03: A tatuagem, em "Os Tatuadores", pode ser interpretada como uma forma de resistência e afirmação de identidade, especialmente para grupos marginalizados. Analise como a prática da tatuagem se torna um ato de resistência contra a ordem social estabelecida, e como ela permite que os indivíduos expressem sua individualidade e pertencimento a grupos específicos. Discuta também a relação entre a tatuagem e a noção de corpo como território e como espaço de inscrição de identidades.







GABARITO

01: Espera-se que o aluno faça uma reflexão e levante as seguintes hipóteses: Em "Os Tatuadores", João do Rio nos apresenta um panorama rico e complexo da prática da tatuagem no Rio de Janeiro do início do século XX. Através das descrições minuciosas e da análise dos diferentes grupos sociais que se tatuavam, o autor revela a tatuagem como um fenômeno que transcende a mera ornamentação corporal, tornando-se um verdadeiro reflexo da identidade, dos valores e das experiências de cada indivíduo. Para os marinheiros, a tatuagem era uma espécie de amuleto, um símbolo de proteção nas longas viagens e uma forma de marcar a passagem pelo mar. A âncora, a estrela e o peixe eram desenhos comuns, representando a esperança, a orientação e a liberdade. Entre os criminosos, a tatuagem era uma forma de demarcar o território, de mostrar a quem pertenciam. As cruzes, os nomes de gangues e os símbolos religiosos deturpados eram frequentes, expressando tanto fé quanto desafio à ordem estabelecida. Para as prostitutas, a tatuagem era uma forma de sedução, de chamar a atenção e de marcar o corpo com os nomes de seus amantes. Os corações, as flores e os nomes eram os desenhos mais comuns, revelando um lado mais sentimental e, ao mesmo tempo, mais sofrido dessas mulheres. Entre as pessoas comuns, a tatuagem era muitas vezes uma forma de imitação, de seguir a moda ou de marcar um acontecimento importante. Os nomes de familiares, as datas de nascimento e os símbolos religiosos eram os mais populares.

02: Espera-se que o aluno faça uma reflexão e levante as seguintes hipóteses: Em "Os Tatuadores", João do Rio nos oferece um olhar singular sobre a marginalidade e a criminalidade no Rio de Janeiro do início do século XX. Através da análise da prática da tatuagem, o autor revela a complexidade desses grupos sociais, suas lutas, seus desejos e suas contradições. A linguagem rica e as descrições sensoriais do autor nos transportam para esse universo, permitindo-nos compreender melhor a sociedade carioca daquela época.

03: Espera-se que o aluno faça a seguinte reflexão: Em "Os Tatuadores", João do Rio nos apresenta a tatuagem não apenas como um adorno corporal, mas como um ato político e social. Ao marcar o corpo de forma permanente, os indivíduos tatuados desafiavam os padrões de beleza e comportamento estabelecidos pela sociedade, especialmente aqueles considerados marginais. A tatuagem, nesse contexto, funcionava como uma espécie de bandeira, um símbolo de resistência contra a ordem social estabelecida.


sábado, 4 de janeiro de 2025

PERÍODO COMPOSTO - ORAÇÕES COORDENADAS - ATIVIDADES COM GABARITO

 
GRAMATICA: PERÍODO COMPOSTO

Leia o trecho a seguir:

"Naquela época, não tinha maquinaria, meu pai trabalhava na enxada. Meu pai era de Módena, minha mãe era de Capri e ficaram muito tempo na roça. Depois a família veio morar nessa travessa da avenida Paulista, agora está tudo mudado, já não entendo nada dessas ruas."

(Trecho do depoimento de um descendente de imigrantes, transcrito na obra Memória e sociedade, de Ecléa Bosi - Cia das Letras, 1994)

01. Quantas orações há no primeiro período?

02. As orações desse período estão coordenadas, ou seja, nenhuma delas exerce função sintática em relação à outra. Em lugar da segunda vírgula, que conjunção poderia ser utilizada?

03. E no segundo período, quantas orações há?

04. A conjunção e que liga as últimas orações desse período tem valor:

(A) consecutivo.
(B) adversativo.
(C) aditivo.
(D) explicativo.

05. Leia o trecho a seguir.

As aranhas conhecidas como "viúvas-negras" podem ter recebido injustamente o apelido de "canibais sexuais". Essas aranhas ganharam fama por devorar o macho indefeso durante o ato sexual. Mas há um estudo que mostra que o macho pode ser cúmplice do "assassinato".

a) Que relação a conjunção mas estabelece entre o segundo e o terceiro período?

b) Reescreva a frase, substituindo a conjunção mas por outras possíveis, mantendo a mesma relação entre as orações. Comece assum: Há um estudo...

06. Na frase: "Seu Américo ora cuspia, ora soltava palavrões" informa-se que a personagem fazia as duas coisas ao mesmo tempo ou alternadamente?

07. Utilizando as alternativas ou... ou, escreva frases curtas para orientar o consumidor de uma loja que fornece as possibilidades seguintes:

a) Formas de pagamento: 1. pagar à vista; 2. pagar com cheque para ser descontado em 30 dias.

b) Recebimento da mercadoria: 1. levar a mercadoria na hora; 2. solicitar nosso serviço de entregas.

08. Conclusiva é a oração coordenada que expressa uma conclusão ou consequência. Identifique a oração conclusiva de cada período:

a) Estão disponíveis os recursos para acabar com a pobreza absoluta; portanto, o problema se situa na estratégia e na vontade do governo.

b) Todos temos consciência do perigo; por conseguinte, temos de nos prevenir.

c) Não irei à praia, pois está chovendo.










GABARITO

01: Duas orações.
02: A conjunção e ou a locução por isso.
03. Há três orações.
04. C - aditivo.
05. a) relação de adversidade.
b) ... que mostra, no entanto, que.../ que mostra, porém, que.../ Há um estudo, porém, que mostra...
06. Alternadamente
07. a) Ou você paga à vista ou paga com cheque para ser descontado em 30 dias.
b) Ou você leva a mercadoria na hora ou solicita nosso serviço de entrega.
08. a) portanto, o problema se situa na estratégia e na vontade do governo.
b) por conseguinte, temos de nos prevenir.
c) pois está chovendo.


sábado, 28 de dezembro de 2024

ATIVIDADES - CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS - COM GABARITO



Classificar uma oração subordinada significa identificar a função sintática que ela exerce em relação à sua oração principal.

Veja, no quadro a seguir, as possíveis classificações de uma oração subordinada substantiva:

ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA

FUNÇÃO NO PERÍODO COMPOSTO

subjetiva

sujeito da oração principal

objetiva direta

objeto direto do verbo da oração principal

objetiva indireta

objeto indireto do verbo da oração principal

predicativa

predicativo do sujeito da oração principal

completiva nominal

complemento nominal de um nome da oração principal

apositiva

aposto de um nome da oração principal



01. Indique a função sintática das orações subordinadas substantivas em destaque nos períodos. Siga o exemplo:

O problema é que eles nunca participam das reuniões.
R: Função sintática: predicativo

a) A secretaria da escola informou aos alunos que a prova será na quinta-feira.

b) Todos os jogadores foram favoráveis a que o técnico continuasse treinando a equipe.

c) Naquela ocasião, não foi necessário que você explicasse o motivo de sua falta.

d) Os atores da cidade se opuseram tenazmente a que a prefeitura demolisse o velho teatro.


02. Classifique corretamente as orações subordinadas substantivas em destaque.

a) O velho senador anunciou que se afastará da política.

b) Foi inevitável que o gerente fosse demitido.

c) Todas as pesquisas previam que a inflação cairia.

d) A torcida estava confiante em que o time brasileiro venceria.

e) O gerente informou que os lucros seriam pequenos.

f) Ela só quer uma coisa: que se faça silêncio!

g) Luana não gosta de que peguem suas canetas sem pedir autorização.








GABARITO

01:
a) Objeto direto
b) complemento nominal
c) sujeito
d) objeto indireto

02:
a) Oração subordinada substantiva objetiva direta
b) Oração subordinada substantiva subjetiva
c) Oração subordinada substantiva objetiva direta
d) Oração subordinada substantiva completiva nominal
e) Oração subordinada substantiva objetiva direta
f) Oração subordinada substantiva apositiva
g) Oração subordinada substantiva objetiva indireta



sábado, 21 de dezembro de 2024

ATIVIDADES TEXTO LITERÁRIO E TEXTO NÃO LITERÁRIO COM GABARITO


A natureza da linguagem literária

Você já deve ter tido contato com muitos tipos de texto literário: contos, poemas, romances, peças de teatro, novelas, crônicas etc. E também com textos não literários, como notícias, cartas comerciais, receitas culinárias, manuais de instrução. Mas, afinal, o que é um texto literário? O que distingue um texto literário de um texto não literário?

O escrittor gaúcho Moacyr Scliar escreveu, durante anos, no jornal Folha de S. Paulo, crônicas inspiradas nos acontecimentos cotidianos divulgados pelo jornal.

Você vai ler, a seguir, a última crônica que o escritor publicou nesse jornal antes de sua morte. E vai ler também a notícia na qual ele se inspirou para escrever a crônica.

TEXTO I

Cientistas americanos estudam o caso de uma mulher portadora de uma rara condição, em resultado da qual ela não tem medo de nada.

(Folha de S. Paulo, 17/12/2010. Cotidiano)

TEXTO II

Ele não sabia o que esperava quando, levado mais pela curiosidade do que pela paixão, começou a namorar a mulher sem medo. Na verdade havia aí também um elemento interesseiro; tinha um projeto secreto, que era o de escrever um livro chamado "A Vida com a Mulher sem Medo", uma obra que, imaginava, poderia fazer enorme sucesso, trazendo-lhe fama e fortuna.

Mas ele não tinha a menor ideia do que viria a acontecer.

Dominador, o homem queria ser o rei da casa. Suas ordens deveriam ser rigorosamente obedecidas pela mulher. Mas como impor sua vontade? Como muitos ele recorria a ameaças: quero o café servido às nove horas da manhã, senão... E aí vinham as advertências: senão eu grito com você, senão eu bato em você, senão eu deixo você sem comida.

Acontece que a mulher simplesmente não tomava conhecimento disso; ao contrário, ria às gargalhadas. Não temia gritos, não temia tapas, não temia qualquer tipo de castigo. E até dizia, gentil: "Bem que eu queria ficar assustada com suas ameaças, como prova de consideração e de afeto, mas você vê, não consigo".

Aquilo, além de humilhá-lo profundamente, deixava-o completamente perturbado. Meter medo na mulher transformou-se para ele em questão de honra. Tinha de vê-la pálida, trêmula, gritando por socorro.

Como fazê-lo? Pensou muito a respeito e chegou a uma conclusão: para amedrontá-la só barata ou rato. Resolveu optar pela barata, por uma questão de facilidade: perto de onde moravam havia um velho depósito abandonado, cheio de baratas. foi até lá e conseguiu quatro exemplares, que guardou num vidro de boca larga.

Voltou para casa e ficou esperando que a mulher chegasse, quando então soltaria as baratas. Já antegozava a cena: ela sem dúvida subiria numa cadeira, gritando histericamente. E ele enfim se sentiria o vencedor.

Foi neste momento que o rato apareceu. Coisa surpreendente, porque ali não havia ratos, sobretudo um roedor como aquele, enorme, ameaçador; o Rei dos Ratos. Quando a mulher finalmente retornou encontrou-o de pé sobre uma cadeira, agarrado ao vidro com as baratas, gritando histericamente.

Fazendo jus à fama ela não demonstrou o menor temor; ao contrário, ria às gargalhadas. Foi buscar uma vassoura, caçou o rato pela sala, conseguiu encurralá-lo e liquidou-o sem maiores problemas. Feito que ajudou o homem, ainda trêmulo, a descer da cadeira. E aí viu que ele segurava o vidro com as quatro baratas. O que deixou-a assombrada: o que pretendia ele fazer com os pobres insetos? Ou aquilo era um novo tipo de perversão?

Àquela altura ele já nem sabia o que dizer. Confessar que se tratava do derradeiro truque para assustá-la seria um vexame, mesmo porque, como ele agora o constatava, ela não tinha medo de baratas, assim como não tivera medo do rato. O jeito era aceitar a situação. E admitir que viver com uma mulher sem medo era uma coisa no mínimo amedrontadora.

(Moacyr Scliar. Folha de S. Paulo, 17/01/2011)

ATIVIDADES

1. O texto I é parte de uma notícia internacional.

a) Por que esse fato noticiado mereceu destaque no noticiário?

b) A que campo do conhecimento humano esse fato causa interesse?

2. O texto II foi criado pelo escritor Moacyr Scliar a partir da notícia reproduzida no texto I.

a) Qual dos dois textos trata de um fato concreto da realidade?

b) Qual deles cria uma história ficcional a partir de dados da realidade?

3. O texto II, sendo uma crônica, apresenta vários componentes comuns a outros gêneros narrativos, como fatos, personagens, tempo, espaço e narrador. Além disso, apresenta também preocupação quanto ao modo como os fatos são narrados.

a) O que a narrativa revela quanto a características psicológicas do marido ao longo da história?

b) Que dados da história comprovam sua resposta?

4. Observe estes fragmentos do texto:

"Aquilo, além de humilhá-lo profundamente, deixava-o completamente perturbado."

"E ele enfim se sentiria o vencedor."

Com base nesses fragmentos, conclua: como o homem encarava a característica da mulher de não sentir medo?

5. Em sua última tentativa de amedrontar a mulher, o homem pensa em baratas e ratos.

a) Por que ele imaginou que esses seres poderiam amedrontá-la?

b) O que o resultado dessa experiência mostrou quanto a quem tinha medo desses seres?

6. Você observou que os dois textos abordam o mesmo tema. Apesar disso, eles são bastante diferentes. Essas diferenças se devem à finalidade e ao gênero de cada um dos textos, bem como ao público a que cada um deles se destina.

a) Qual é a finalidade principal do texto I, considerando-se que se trata de uma reportagem jornalística?

b) Qual é a finalidade principal do texto II, considerando-se que se trata de uma crônica literária?

7. A fim de sintetizar as diferenças entre os dois textos, compare-os e responda:

a) Qual deles apresenta uma linguagem objetiva, utilitária, voltada para explicar um problema da realidade?

b) Em qual deles a linguagem é propositalmente organizada com o fim de criar expectativa ou envolvimento do leitor?

c) Qual deles tem a finalidade de informar o leitor sobre a realidade?

d) Qual deles tem a finalidade de entreter, divertir ou provocar reflexões no leitor a partir de um tema da realidade?

e) Considerando as reflexões que você fez sobre a linguagem dos textos em estudo, responda: qual deles é um texto literário? Por quê?









GABARITO

1. a) Por ainda não se conhecer alguém que não tivesse algum tipo de medo.
b) Ao campo científico.

2. a) O texto I.
b) O texto II.

3. a) Revela que ele era um homem curioso, dominador, competitivo.
b) O fato de ele se casar com a mulher por curiosidade, e não por amor; pelas tentativas constantes de dominá-la; pela relação competitiva que estabeleceu com a mulher.

4. Encarava como um desafio pessoal, como uma limitação dele, e não como uma característica dela.

5. a) Porque boa parte das pessoas, principalmente mulheres tem medo de baratas e ratos.

b) Os fatos mostraram que ele é quem tinha medo de ratos e baratas, e não ela.

6. a) Informar o leitor sobre um acontecimento raro.

b) Entreter o leitor, diverti-lo, além de provocar algumas reflexões sobre a natureza humana.

7. a) O texto I.
b) O texto II.
c) O texto I.
d) O texto II.
e) O texto II, por ser um texto que recria ficcionalmente a realidade; por ter uma linguagem propositalmente organizada com o fim de criar mais de um sentido; e por entreter e divertir o leitor, além de provocar reflexões sobre a vida e o mundo.




FONTE: CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português linguagens. 1 ano. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.


sábado, 16 de novembro de 2024

QUESTÕES SAEB - DESCRITOR 2 - LÍNGUA PORTUGUESA



LÍNGUA PORTUGUESA - QUESTÕES SAEB - DESCRITOR 2

QUESTÃO 01: (D2) - (PROVA BRASIL 2011) Leia o texto a seguir.

Massa boa é massa fresca

Os pais de um italianinho eram donos de uma trattoria no interior da Itália. Isso há décadas e décadas. 
Comida simples, tradicional, lugar pequeno, pratos deliciosos. Certa vez, enquanto o menino brincava no balcão e seu pai assumia as caçarolas, um turista que degustava a massa viu um ratinho passar no salão. “O que é isso?”, exclamou o cliente. Sem reação e também surpreso, o italiano improvisou: “Essa é Suzi. Mora aqui com a gente”.

PORTUGAL, Rayane. Revista do Correio. Correio Braziliense. 18 jul. 2010. p. 28.

No trecho “... que degustava a massa...”, a palavra destacada refere-se a:

(A) menino.
(B) pai.
(C) turista.
(D) ratinho.
(E) italiano.

QUESTÃO 02: (D2) - (PROVA BRASIL 2015) Leia o texto a seguir.

Soneto de fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

MORAES, Vinícius de. Antologia poética. Editora do Autor: Rio de Janeiro, 1960. P. 96. 

No trecho “Quero vivê-lo em cada vão momento” (v. 5), o pronome destacado refere-se a:

(A) amor.
(B) zelo.
(C) encanto.
(D) pensamento.
(E) momento.

QUESTÃO 03: (D2) - (PROVA BRASIL 2017) Leia o texto a seguir. 

Burro-sem-rabo

São dez horas da manhã. O carreto que contratei para transportar minhas coisas acaba de chegar.
Vejo sair a mesa, a cadeira, o arquivo, uma estante, meia dúzia de livros, a máquina de escrever. Quatro retratos de criança emoldurados. Um desenho de Portinari, outro de Pancetti. Levo também este cinzeiro. E este tapete, aqui em casa ele não tem serventia. 
E esta outra fotografia, ela pode fazer falta lá.
A mesa é velha, me acompanha desde menino: destas antigas, com uma gradinha de madeira em volta, como as do tabelião do interior. Gosto dela: curti na sua superfície muita hora de estudo para fazer prova no ginásio; finquei cotovelos em cima dela noites seguidas, à procura de uma ideia. Foi de meu pai. É austera, simpática, discreta, acolhedora e digna: lembra meu pai.
Esta cadeira foi de Hélio Pellegrino, que também me acompanha desde menino: é giratória e de palhinha. Velha também, mas confortável como as amizades duradouras.
Mandei reformá-la e tem prestado serviços, inspirando-me sempre a sábia definição de Sinclair Lewis sobre o ato de escrever: é a arte de sentar-se numa cadeira.
E lá vai ele, puxando a sua carroça, no cumprimento da humilde profissão que lhe vale o injusto designativo de burro-sem-rabo. Não tenho mais nada a fazer, vou atrás.
Vou atrás das coisas que ele carrega, as minhas coisas; parte de minha vida, pelo menos parte material, no que sobrou de tanta atividade dispersa: o meu cabedal. [...]

SABINO, Fernando. A mulher do vizinho. Rio de Janeiro: Ed. do autor, 1962, p. 10-12. 

No trecho “... que também me acompanha desde menino:” (5° parágrafo), a palavra destacada refere se a:

(A) arquivo.
(B) cadeira.
(C) estante.
(D) mesa.
(E) tapete.

QUESTÃO 04: (D2) - (PROVA BRASIL 2017) Leia o texto a seguir.  

Os namorados 

Um pião e uma bola estavam numa gaveta em meio a um monte de brinquedos. Um dia o pião disse para a bola: – Devíamos namorar, afinal, ficamos lado a lado na mesma gaveta. 
Mas a bola, que era feita de marroquim, achava que era uma jovem dama muito refinada e nem se dignou a responder à proposta do pião. 
No dia seguinte, o menino, a quem todos esses brinquedos pertenciam, pintou o pião de vermelho e branco e pregou uma tachinha de bronze no meio dele. Ficava maravilhoso ao rodar. – Olhe para mim agora! – o pião disse para a bola. – O que você acha, não daríamos um belo casal? 
Você sabe pular e eu sei dançar! Como iríamos ser felizes juntos! – Isso é o que você acha – a bola retrucou – Você por acaso sabia que minha mãe e meu pai eram um par de chinelos marroquim, e que eu tenho cortiça dentro de mim? – Mas eu sou de mogno – gabou-se o pião. – E ninguém menos que o próprio prefeito quem me fez, num torno que tem no porão. – E foi um grande prazer para ele. – Como vou saber se o que está dizendo é verdade? – perguntou a bola. – Que nunca mais me soltem se eu estiver mentindo! – o pião respondeu. – Você sabe falar muito bem de si – admitiu a bola. – Mas terei de recusar o convite porque estou quase noiva de uma andorinha. Toda vez que pulo no ar, ele põe sua cabeça para fora do ninho e pergunta “você vai, você vai?”. Embora eu ainda não tenha dito que sim, já pensei nisso; e é praticamente o mesmo que estar noiva. Mas prometo que nunca o esquecerei. 

ANDERSEN, Hans Christian. Os mais belos contos de Andersen. São Paulo: Moderna, 2008, p. 74. Fragmento.  

No trecho “Embora eu ainda não tenha dito que sim, ...” (último parágrafo), o pronome em destaque 
refere-se: 

(A)  ao pião. 
(B)  à bola. 
(C)  ao menino. 
(D)  ao prefeito. 
(E)  à andorinha. 

QUESTÃO 05: (D2) - (PROVA BRASIL 2017) Leia o texto a seguir.

Capítulo CXIX 

Quero deixar aqui, entre parênteses, meia dúzia de máximas das muitas que escrevi por esse tempo. São bocejos de enfado; podem servir de epígrafe a discursos sem assunto: Suporta-se com paciência a cólica do próximo.  
Matamos o tempo; o tempo nos enterra. 
Um cocheiro filósofo costumava dizer que o gosto da carruagem seria diminuto, se todos andassem de carruagem. 
Crê em ti; mas nem sempre duvides dos outros. 
Não se compreende que um botocudo fure o beiço para enfeitá-lo com um pedaço de pau. Esta reflexão é de um joalheiro. 
Não te irrites se te pagarem mal um benefício; antes cair das nuvens, que de um terceiro andar. 

ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. Fragmento.  

No trecho “... para enfeitá-lo...” (5° parágrafo), o pronome destacado substitui o termo: 

(A) beiço. 
(B) botocudo. 
(C) cocheiro. 
(D) joalheiro. 
(E) pau. 











GABARITO
01: C
02: A
03: B
04: B
05: A

sábado, 9 de novembro de 2024

LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - LÍNGUA PORTUGUESA - ENSINO MÉDIO

 

HORA DA LEITURA E DA INTERPRETAÇÃO DO TEXTO

Sobre céticos e crédulos

        Um dos desvios de personalidade distintivos de nós, jornalistas, em companhia da aversão atávica a reconhecer os nossos tropeços, é a vocação para desgraçadamente reeditarmos os erros mesmo quando anunciarmos ter aprendido com o vexame mais recente. As lições apregoadas por vezes parecem manifestações protocolares insinceras ou aparentam vigor de faquir. [...]
        O ceticismo deve estar para o jornalismo como a prancha para o surfista - é a base a partir da qual se desenvolve todo o resto. Foi o que faltou na cobertura do episódio em que a brasileira Paula Oliveira deu parte de agressões de militantes nazistoides na Suíça que teriam provocado o aborto das gêmeas que ela dizia esperar.
        O jornalismo brasileiro subscreveu a queixa e estimulou a onda, confundindo o dever de conforntar as alegações com os fatos, para elaborar o noticiário mais escrupulosamente próximo à verdade possível, com a compaixão despertada pelo infortúnio da compatriota.
        No instante em que as provas fragilizaram a história de Paula e sugeriram encenação, o jornalismo voltou a se constranger - e a incorrer em enganos assemelhados, ao assinalar como definitivos indícios que careciam de confirmação. Se é legítimo o sofrimento com os dias trágicos de Paula, ao jornalismo cabe identificar qual foi propriamente a tragédia. Ingenuidade não faz de ninguém necessariamente um ser pior. Mas o jornalismo ingênuo e crédulo informa mal, portanto é mau jornalismo. O amigo cético costuma enfastiar os companheiros. O jornalismo cético semeia confiança. [...]
    O jornalismo é uma disciplina de verificação, já se anotou. Essa característica o distingue de narrativas descompromissadas dos fatos e da checagem de informações. Nos diários impressos - embora se recomende vitaminar o resumo da véspera com mais densidade, contexto, análise, opinião e estilo -, a notícia segue a ser o principal ativo.
      Quanto mais o ceticismo temperar o método de produção da notícia,  mais confiável ele será. E mais indispensável aos cidadãos e aos consumidores será o jornalismo que a veicula.

MAGALHÃES, M. Folha de S. Paulo, 25 fev. 2009.

01. De acordo com o texto, é correto afirmar:

(A) os jornalistas têm facilidade de reconhecer os próprios erros.
(B) os leitores não acreditam mais nos jornalistas.
(C) os jornalistas não conseguem mais influenciar a opinião dos leitores.
(D) os jornalistas não aprendem com os próprios erros.
(E) está havendo uma crise de excesso de ceticismo no meio jornalístico.

02. Na frase "o jornalismo brasileiro subscreveu a queixa", o termo "subscreveu" significa:

(A) copiou.
(B) aceitou como verdade.
(C) produziu.
(D) escamoteou.
(E) desconsiderou.

03. No caso da brasileira Paula, o erro da cobertura jornalística brasileira foi ter agido com:

(A) ceticismo.
(B) aversão.
(C) compaixão.
(D) constrangimento.
(E) densidade, opinião e estilo.

04. Na frase "o amigo cético costuma enfastiar os companheiros", o termo "enfastiar" pode ser substituído, mantendo-se o mesmo sentido, por:

(A) encorajar.
(B) iludir.
(C) abandonar.
(D) valorizar.
(E) irritar.









GABARITO
01: D
02: B
03: C
04: E



Fonte: Material apostilado Superintensivo Positivo.