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sábado, 26 de dezembro de 2020

MÁRIO DE ANDRADE (1893-1945)

 



Mário Raul de Morais Andrade nasceu em São Paulo em 9 de outubro de 1893 e faleceu nessa mesma cidade em 25 de fevereiro de 1945. Teve intensa atividade cultural durante toda a vida: foi diretor do Departamento Municipal de Cultura, em São Paulo, e do Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal (então localizado no Rio de Janeiro); organizou o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional; lecionou História da Música no conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Teve participação ativa na Semana de Arte Moderna e passou a exercer uma espécie de "magistério" modernista, correspondendo-se com muitos poetas e escritores durante toda a sua vida.

Além de poeta e ficcionista, foi cronista, crítico literário e pesquisador do folclore, da música e das artes plásticas nacionais. Também trabalhou na redação da revista modernista Klaxon, veículo de divulgação das ideias e trabalhos dos novos escritores após a Semana de Arte Moderna.

Suas principais obras são os livros de poemas Paulicéia desvairada, O losango cáqui, Clã do jabuti, Remate de males, Poesias, Lira paulistana seguida d'O carro da Miséria, Poesias completas; a prosa de ficção de Primeiro andar (contos), Amar, verbo intransitivo (romance), Macunaíma (rapsódia), Os contos de Belazarte e Contos Novos. Sobre crítica literária, Mário publicou A escrava que não é isaura, Aspectos da literatura brasileira e O empalhador de passarinho, entre outros.

A esses títulos se somam muitos outros: crônicas, estudos sobre música e folclore brasileiro, história da arte, além de uma vastíssima correspondência e um livro de poemas "imaturos", Há uma gota de sangue em cada poema.

POESIA

A poesia de Mário de Andrade tem um percurso nítido: caminha da ostensiva e provocadora utilização dos recursos da primeira fase do Modernismo como forma de combater a poesia acadêmica e a visão de mundo conservadora para uma exploração cada vez mais acentuada de ritmos, temas e formas linguísticas retirados da nossa cultura popular e para a denúncia das desigualdades sociais. O uso do verso livre e a influência das Vanguardas Europeias marcaram principalmente a Paulicéia desvairada; nos livros seguintes, Mário procurou uma forma mais pessoal de expressão poética, buscando fixar uma linguagem literária brasileira - baseada na exploração de formas, temas e vocabulário de origem folclórica, popular ou regional - e ao mesmo tempo manifestando sua apreensão pelas questões sociais do país e do mundo.

PROSA DE FICÇÃO

A prosa de ficção de Mário de Andrade incorpora-se ao projeto de criação de uma língua literária nacional e à intensa investigação da realidade e da cultura nacional que o autor empreendeu durante toda a vida. Do experimentalismo de Amar, verbo intransitivo, romance em que se misturam Expressionismo, psicanálise e ostensiva exploração do papel do narrador, Mário passou à rapsódia Macunaíma - o herói sem caráter, por muitos considerada sua obra-prima pelo sucesso que alcançou ao combinar um enredo todo ele traçado a partir de mitos e lendas brasílicos com uma forma de língua literária sugestiva e brasileira. Em Contos Novos, obra da maturidade, ao que parece já mais descompromissado em relação às obrigações que se impusera como uma espécie de mentor intelectual da geração de 22, Mário criou textos muito bem-realizados, que combinam uma linguagem estilisticamente madura com um visão social de cunho marxista e uma análise psicológica bastante presa aos conceitos freudianos.


FONTE:
INFANTE, Ulisses. Curso de literatura de língua portuguesa. São Paulo: Scpione, 2001.