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sábado, 25 de fevereiro de 2012

sábado, 18 de fevereiro de 2012

A Semana de Arte Moderna



Antecedentes da Semana de Arte Moderna

O evento de 22 não surgiu de repente. Foi resultado de todo um clima que já existia. Alguns acontecimentos que antecederam a Semana merecem destaque:

1912: Oswald de Andrade regressa da Europa e dá início à divulgação das Vanguardas Europeias, especialmente das ideias futuristas de Marinetti.

1913: Lasar Segall expõe seus quadros expressionistas.

1915: Funda-se em Portugal, com a participação de Ronald de Carvalho, a revista Orpheu, iniciadora do Modernismo português.

1917: Anita Malfatti, que estudara pintura na Europa e nos Estados Unidos, expõe quadros expressionistas e cubistas, provocando o feroz artigo de Monteiro Lobato, crítico de artes do jornal O Estado de S. Paulo, publicado sob o título "A propósito da exposição Malfatti", no qual investe contra as novas tendências artísticas, demonstrando o seu equívoco, por não ter entendido o sentido renovador das vanguardas europeias. O artigo de Lobato não só resultou na devolução de quadros já adquiridos como provocou uma grande polêmica, que acabou por unir mais os jovens modernistas.

1919: Vitor Brecheret volta ao Brasil e é descoberto por Menotti del Pichia e Oswald de Andrade, que se entusiasma com suas esculturas impregnadas de modernidade.

A explosão de fevereiro

Nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, com a participação de Oswald de Andrade, Menotti del Pichia, Mário de Andrade, Graça Aranha, Guilherme de Almeida, Ronald de Carvalho, Vitor Brecheret, Anita Malfatti, Villa-Lobos, Di Cavalcanti e muitos outros, o Teatro Municipal de São Paulo torna-se o centro de uma verdadeira "amostra" das ideias modernistas: são lidos manifestos e poemas, expõem-se quadros e esculturas, e músicas são executadas, tudo diante de um público que reagiu com vaias e arruaças. Estava "oficialmente" inaugurado o período de destruição e combate dos primeiros modernistas, que investiam, sobretudo, contra os sólidos valores parnasianos. Manuel Bandeira, que não havia comparecido, teve o seu poema "Os sapos" lido por Ronald de Carvalho, o que exemplifica a intenção dos modernistas em ridicularizar o conservadorismo parnasiano.

As correntes modernistas

Depois da união inicial em torno da Semana, os modernistas dividiram-se em grupos e movimentos que refletiam orientações estéticas e ideológicas diversas:

Movimento Pau-Brasil

Lançado em 1924, com a publicação do Manifesto da Poesia Pau-Brasil, faziam parte do movimento Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Raul Bopp, Alcântara Machado e Tarsila do Amaral. Tinha como objetivo a revalorização dos elementos primitivos da nossa cultura, através da crítica ao falso nacionalismo e da valorização de obras que redescobrissem o Brasil, seus costumes, seus habitantes e suas paisagens.

Movimento verde-amarelo

Liderado por Plínio Salgado, Cassiano Ricardo e Menotti del Pichia, e tendo uma postura nacionalista, repudiava tudo que fosse importado e tentava mostrar um Brasil grandioso. Entretanto, acabou por revelar uma visão reacionária, sobretudo através de Plínio Salgado, que viria a ser um dos principais líderes do Integralismo, movimento político brasileiro de extrema-direita baseado nos moldes fascistas.

Movimento antropofágico

Radicalização das ideias do movimento Pau-Brasil, foi lançado em 1928, com a publicação do Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade. Participaram do movimento, além de Oswald, Tarsila do Amaral, Raul Bopp, Alcântara Machado e outros. Esse movimento opunha-se ao conservadorismo do Movimento verde-amarelo (ou Escola da Anta).

Vários foram as revistas de divulgação das ideias desses movimentos:

Revista Klaxon (nome dado à buzina externa dos carros): publicada em 1922, teve nove números, sendo a primeira revista de divulgação de trabalhos e ideias modernistas.

Revista Terra Roxa e Outras Terras: publicada em 1926, com a participação de Mário de Andrade e Oswald de Andrade.

Revista de Antropofagia: publicada em 1928, foi o órgão de divulgação do Movimento Antropofágico.

Além dessas, surge em 1925, em Belo Horizonte, A Revista, com editorial redigido por Carlos Drummond de Andrade. No Rio de Janeiro, não ocorreram na época rupturas acentuadas, e a revista Festa, publicada em 1927, antes de refletir uma visão modernista, expressava a sobrevivência do espiritualismo simbolista. Dela participaram, entre outros, Tasso da Silveira, Cecília Meireles e Jackson de Figueiredo, este último chefe da censura do governo de Artur Bernardes, que governou o país sob estado de sítio.

Fases do modernismo

Por razões didáticas, costuma-se dividir o Modernismo brasileiro em três fases:

Primeira fase (de 1922 a 1930) ou fase histórica: de combate e destruição, quando ocorre a libertação linguística e são afirmados os valores estéticos do movimento.

Segunda fase (de 1930 a 1945) ou fase construtiva: de estabilização das conquistas, de preocupação social e de tendência instrospectiva.

Terceira fase (de 1945 em diante) ou fase de reflexão: de ponderação sobre a linguagem, com o retorno a alguns modelos estilísticos tradicionais, ao que se soma uma temática universalista.

A partir de 1950, surgem novas tendências em poesia, como o Concretismo, o Neo-concretismo, a Poesia-práxis e o Poema-processo.